A 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ocorreu entre os dias 16 e 30 de outubro. Durante duas semanas, a 49ª edição do evento exibiu 374 títulos de 80 países. A seleção apresentou um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial tem produzido, além de apresentar novas tendências, temáticas, narrativas e estéticas, e homenagear cineastas e produções fundamentais da cinematografia mundial.
A arte do pôster desta edição foi assinada pelo escritor português Valter Hugo Mãe, autor de títulos célebres da literatura contemporânea como “A Máquina de Fazer Espanhóis”, “O Filho de Mil Homens”, “A Desumanização” e “Homens Imprudentemente Poéticos”. O autor foi celebrado na programação da 49ª Mostra com a exibição de filmes sobre sua obra e a participação em uma masterclass.
A 49ª Mostra também contou com a 2ª Mostrinha, o Foco Reino Unido, o V Encontro de Ideias Audiovisuais, além de homenagens para personalidades do cinema e das artes como Euzhan Palcy, Mauricio de Sousa, Charlie Kaufman e os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne.
A Mostra recebeu o cineasta iraniano Jafar Panahi em São Paulo, especialmente para apresentar ao público do evento o seu novo filme, o longa “Foi Apenas um Acidente”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O diretor esteve presente nas exibições do longa-metragem, e participou de uma conversa com a diretora do festival, Renata de Almeida. Na sessão, o cineasta foi homenageado com o Prêmio Humanidade.
DIREÇÃO
RENATA DE ALMEIDA
PRODUÇÃO EXECUTIVA
CLAUDIO A. SILVA
CRIS GUZZI
JONAS CHADAREVIAN
LUKA BRANDI
PRODUÇÃO
CRISTINA IGNE
DANIELA WASSERSTEIN
DIEGO CORREA
FABIANA AMORIM
FELIPE SOARES
LEANDRO DA MATA
LEILA BOURDOUKAN
MARINA GANDOUR
MATHEUS PESTANA
MELISSA BRANT
SUSY LAGUÁRDIA
TATIANA NATSU
TIAGO RUFINO
EQUIPE DE PRODUÇÃO
ALEXANDRE AMORIM
ALEXANDRE AMORIM JR.
ANTÔNIO ARBEX
BRUNA LISBOA
DAVI JUN IRYO
ERIKA OLIVEIRA
FELIPE DAVI MOREIRA
JULIA REIMBERG DE SANTIAGO
LIVIA PINHEIRO
PATRÍCIA RABELLO
ENCONTRO DE IDEIAS AUDIOVISUAIS
coordenação geral
CRIS GUZZI
fórum mostra
ANA PAULA SOUSA
da palavra à imagem
DENISE MACHADO
CONTABILIDADE E FINANCEIRO
MARTA NAVES
VICTOR DA SILVA
DESIGN GRÁFICO
EBERT WHEELER
EDITORAÇÃO E IMAGENS
CRISTIANE RAMOS
IAGO SARTINI
CATÁLOGO E SITE
edição
FELIPE MENDONÇA MORAES
MARIANA MARINHO
equipe
LUIZA WOLF
MARIANE MORISAWA
ROSANA ÍRIS FELTRIN FERRAZ
colaboração
ANA ELISA FARIA
CLARICE BARBOSA DANTAS
textos
CÁSSIO STARLING CARLOS
traduções
CATHARINA STROBEL
REDES SOCIAIS
TANTO
ASSESSORIA DE IMPRENSA
MARGÔ OLIVEIRA
CAROL MORAES
ANA ELISA FARIA
MARIANE MORISAWA
THIAGO STIVALETTI
TRADUÇÃO E LEGENDAGEM
QUATRO ESTAÇÕES
DCP E OUTRAS MÍDIAS
PANTOMIMA CINE SHOW
WEBSITE
WEBCORE
APLICATIVO E INGRESSOS
CONSCIÊNCIA
SUPORTE TÉCNICO
CORPNET
ASSESSORIA JURÍDICA
BITELLI ADVOGADOS:
MARCOS BITELLI
CECÍLIA LOPES SANTANA
THAIS FERREIRA LIMA
GIOVANNA BEZERRA
RAFAELLA FRAIA
FOTOGRAFIA
AGÊNCIA FOTO - MARIO MIRANDA FILHO
EDUARDO TARRAN
VÍDEOS E MAKING OF
RÁ FILMES
ARTE
VALTER HUGO MÃE
VINHETA
criação
AMIR ADMONI
trilha sonora
ANDRÉ ABUJAMRA
MARCIO NIGRO
MARCOS NAZA
COLABORADORES PARA A SELEÇÃO
AARON CUTLER
CARLOS HELÍ DE ALMEIDA
CÁSSIO STARLING CARLOS
DEBORAH OSBORN
DUDA LEITE
FELIPE MENDONÇA MORAES
JOEL PIZZINI
JONAS CHADAREVIAN
ORLANDO MARGARIDO
PAULO SANTOS LIMA
TATIANA NATSU
A
A VOZ DO BRASIL
ACÁCIA BERLESE DE MATOS DOURADO
ACCIÓN CULTURAL ESPAÑA AC/E
ADHEMAR OLIVEIRA
ADINAEL ALVES DE JESUS
ADRIANA VALLIN CECILIO
AGNIESZKA MOODY
ALAN FARIA
ALESSANDRA CONILH DE BEYSSAC ALEXOPOULOS
ALEX BRAGA
ALEXANDRA RABCZUK
ALEXANDRE BARROS
ALEXANDRE LAMI NATIVIDADE
AMIR ADMONI
ANA DE FÁTIMA OLIVEIRA DE SOUSA
ANA MARQUES
ANA PAULA MORENO
ANCINE
ANDRÉ ABUJAMRA
ANDRÉ APARECIDO DE PÁDUA SILVA
ANDRÉ NOVIS
ANDRÉ SADDY
ANDRÉ VIEIRA
ANDREA ALBUQUERQUE
ANDREA CAMPOS
ANDREA MONICA TUPINAMBA DE OLIVEIRA PINTO
ANNA CARLA BARCI HUGUENIN
ANNA PAOLA PORTELA
AQUARIUS
ARTE 1
ARTHUR CRISTÓVÃO PRADO
ARY SCAPIN
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PRODUTORES DE ANIMAÇÃO
B
BAND NEWS
BARBARA TRUGILLO
BEIJING INTERNATIONAL FILM FESTIVAL
BERNARDO CARDOSO
BFI - BRITISH FILM INSTITUTE
BITELLI ADVOGADOS
BRASIL JAZZ SINFÔNICA
BRODERS
BRUNA D’ARC SILVA
BRUNO ACIOLI
BRUNO BARELLA
BRUNO DA SILVA CANABARRO
BRUNO MACHADO
BRUNO MESTER
BRUNO WAINER
BRYONY HANSON
C
CAIO LUIZ DE CARVALHO
CAMILA CAVALCANTI
CAMILA COELHO DOS SANTOS
CAMILA LAFRATTA
CAMILA PACHECO
CAMÕES – INSTITUTO DA COOPERAÇÃO E DA LÍNGUA
CANAL BRASIL
CAROLINA BIANCHI
CASARÃO DE IDEIAS
CASSIUS CORDEIRO
CATARINA TIMAS
CCSP – CENTRO CULTURAL SÃO PAULO
CECILIA FERREIRA DE NICHILE
CECÍLIA LOPES SANTANA
CÉLIO FRANCESCHET
CESAR TURIM
CHICO MILLAN
CHRISTIAN MIGUEL
CHRISTIANO BRAGA
CICERO CARLOS SILVA
CINE LÍBERO LUXARDO – BELÉM
CINE SATYROS BIJOU
CINECLUBE CORTINA
CINEMATECA BRASILEIRA
CINESESC
CLAUDIA SILVA
CLAUDIO RAMALHO
CONJUNTO NACIONAL
CONSULADO GERAL DA ESPANHA
CONSULADO-GERAL DE PORTUGAL EM SÃO PAULO
CONSULADO GERAL DO REINO DOS PAÍSES BAIXOS
CRISTIANE MARQUES DE OLIVEIRA
D
DANIEL ESCOREL
DANIELA BERTOCCHI
DANIELA FAVA
DANIELLA DE AMO
DANIELLE LOBATO
DEIVID JORDAN BEZERRA DA SILVA
DENISE NOVAIS
DENITSA YORDANOVA
DIEGO CASTAGNE
DOUGLAS COURY
DOWNTOWN
E
EDUARDO CORDEIRO
EDUARDO SARON
EFFIE VOURAKIS
ELEMENTOS PESQUISAS
ELIENE MORAIS
ELISABETTA ZENATTI
ELLEN COSTA MENDES SOARES
ELOAH BANDEIRA
EMANUEL OLIVEIRA
EMILIANO ZAPATA
ENEAS CARLOS PEREIRA
ERIC MIFUNE
ÉRICA DUTRA
ESCRITÓRIO DO QUÉBEC EM SÃO PAULO
ESPAÇO AUGUSTA
ESTÚDIOS QUANTA
EVA KAUFMAN
EVE FERRETTI
EVERTON GUSTAVO DE ARAUJO COSTA
F
FABIANA BATAGINI QUINTEIRO
FABIANA TRINDADE MACHADO
FÁBIO TAKEO SAKURAI
FELIPE FELIX
FERNANDA BASTOS
FERNANDA HALLACK
FLÁVIO ALVES PAIVA
FLAVIO CARVALHO
FLY MOUSTACHE
FOLHA DE S.PAULO
G
GABRIEL COUTINHO
GABRIEL DI PIETRO DE CAMILLO
GABRIEL GURMAN
GABRIELA LEITE
GABRIELA LIMA DA SILVA
GABRIELA MONTELEONE
GABRIELA SCUTA FAGLIARI
GABRIELA SOUSA DE QUEIROZ
GERALDO CORDEIRO TUPYNAMBÁ
GESIELE VENDRAMINI
GILSON PACKER
GIOVANNA BEZERRA
GIOVANNA GIACOMELLI CAVALCANTI
GLOBO FILMES
GRAZIELA MARCHETI GOMES
GUACIARA ALVES
GUILHERME ANTONIO
GUILHERME MARBACK
GUILHERME TERRA
GUSTAVO CÉSAR CHINALIA
H
HELENA DE MADUREIRA MARQUES
HELOIZA DAOU
HENRIQUE BACANA
HERCULES KUSTER DOS REIS
HIGIA IKEDA
HUGO ALEXANDER
HUGO SABINO
HUGO VALVERDE
I
IMS – INSTITUTO MOREIRA SALLES
INSTITUTO CAMÕES
INSTITUTO GALO DA MANHÃ
ISABELLA JAGGI
ITAÚ
ITAÚ CULTURAL
IVO RIBEIRO
J
JACQUELINE SALES ARAGAO
JADER ROSA
JASON NAUD
JEAN THOMAS BERNARDINI
JESSICA QUINALHA
JOÃO ABBADE
JOÃO FERNANDES
JOÃO PEREIRA DE ALMEIDA
JOELMA GONZAGA
JORGE DAMIÃO
JOSÉ ALBERTO MARTINS DE ANDRADE
JOSÉ ALEXANDRE SILVA (DUDU)
JOSÉ MANUEL GÓMEZ
JOSÉ RAMON CAVALCANTE
JOSÉ RICARDO RUFINO
JOSÉ ROBERTO MALUF
JOSEPHINE BOURGOIS
JUCELINO FERREIRA DA SILVA
JULIA DAVILA
JULIA SCHEUER
JULIANA BASTOS
JULIANA VENÂNCIO DE OLIVEIRA
JÚNIOR SUCI
K
KARINA DEL PAPA
KRISTY MATHESON
L
LARISSA SANTOS
LAURE BACQUE
LEANDRO PARDÍ
LEONARDO CORRÊA
LETICIA RAMOS BEDIM
LETICIA SANTINON
LIGIA LIMA
LÍVIA FUSCO
LIVRARIA DA TRAVESSA
LUAN FELIPE
LUCAS BONOLO
LUCIANA ARAUJO
LUCIANA RIBEIRO
LUCIANO FRANCISCO DE SOUZA
LUCILENE ALMEIDA
LUCINEIDE COSTA DIAS
LUCIO DEL CIELLO
LUIS CANAL
LUIZ GALINA
LUIZA GIULIANI
LYARA OLIVEIRA
M
MAGDALENA LETURIA
MAGNO WAGNER OLIVEIRA MASSENO
MAÍRA TARDELLI DE AZEVEDO POMPEU
MALILA OHKI
MARA SALLES
MARCELO COLAIÁCOVO
MARCELO ROCHA
MARCIA VAZ
MARCIO NIGRO
MARCIO TAVARES
MARCO ANTONIO LEONARDO ALVES
MARCOS BITELLI
MARCOS NAZA
MARCOS SIQUEIRA NETO
MARIA ANGELA DE JESUS
MARIA BEATRIZ CARDOSO
MARIA BEATRIZ COSTA CARDOSO
MARIA DORA GENIS MOURÃO
MARIA ELISA PERETTI PASQUALINI
MARIANA GAGO
MARIANA GUARNIERI
MARIANA LEVENHAGEM
MARINA BAIÃO
MARINA ZASLAWSKI BAIAO
MARTINE FRANÇOISE BIRNBAUM
MASP
MATHEUS NERY CERQUEIRA NUNES
MAYARA GENTILE
METRÔ SP
MILLY PASQUALINI
MILTON PIMENTEL BITTENCOURT NETO
MONDO
MÔNICA BRAGA
MUBI
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
N
NATHALIA MONTECRISTO
NATHALIE MIEROP
NATHALIE TRIC
NETFLIX
O
OLGA RABINOVICH
OLHARAPO
P
PAMELLA MONTEIRO
PATRÍCIA SUEZA
PAULA MITIE MINOHARA
PAULINHO RIBEIRO
PAULO ROBERTO
PAULO VIDIZ
PETROBRAS
PHOEBE HALL
PINGUIM FILMES
PORTUGAL FILM COMMISSION
PROJETO PARADISO
Q
QUANTA
QUESIA CARMO
R
RACHEL DO VALLE
RAFAEL IGNE
RAFAEL POÇO
RAFAEL FERRAZ
RAFAELLA FRAIA
RAPHAEL MATTOS
RAQUEL FREIRE ZANGRANDI
REGINA BUFFOLO
RENAN WINNUBST
RENATA FORATO
RENATA MOREIRA DOS SANTOS MASSIMINO
RENATA VIEIRA DA MOTTA
RESERVA CULTURAL
REVISTA PIAUÍ – FORO DE TERESINA
RICARDO IGNE
RITA MOURA
ROBERTA CORVO
ROBERTA DA COSTA VAL
ROBERTO MEIRELLES
ROBINSON SILVA
RODRIGO AREIAS
RODRIGO FURLAN
RODRIGO GERACE
RODRIGO VARANDA
RONALD ALVES LARUSSA
RONY CARVALHEIRO
ROSANA DE SOUZA
ROSANA PAULO DA CUNHA
RUAN AZEVEDO
RUI SOUZA (DADA GARBECK)
RUTH ZAGURY
S
SABRINA CARLA TENGUAN
SAMUEL MARTINS COELHO
SANDRA MARTINS
SANDRO GENARO
SANGALI
SARDINHA EM LATA
SATO CINEMA
SCOTT MACDONALD
SÉRGIO RICARDO DOS SANTOS
SESC
SHEILA MAGALHÃES
SIDNEY DE CASTRO
SILVIO VINÍCIUS OLIVEIRA SANTOS
SIMONE BAUMANN
SIMONE OLIVEIRA
SIMONE YUNES
SOBERANO – RUA DO TRIUNFO
SOFIA ROHDE
SPCINE
T
TELECINE
THAIS FERREIRA LIMA
THIAGO GALLEGO
TOM BIRTWISTLE
TV CULTURA
U
UNIVERSAL
V
VALENTIN KÖHN
VALMIR BARBOSA
VANESSA ARAÚJO VALÉRIO
VIVIANI AMADUCCI NEGOCIA
W
WIENEKE VULLINGS
Y
YANA CHANG
Prêmio do Júri | Melhor Filme
“The President’s Cake”, de Hasan Hadi (Iraque, EUA, Catar)
Prêmio Especial do Júri
“DJ Ahmet”, de Georgi M. Unkovski (Macedônia do Norte, República Tcheca, Sérvia, Croácia)
Prêmio do Júri | Menção Honrosa
“A Luta”, de Jose Alayón (Espanha, Colômbia)
Prêmio do Júri | Melhor Atuação
Doha Ramadan pelo filme “Feliz Aniversário”, de Sarah Goher (Egito)
Prêmio do Público | Melhor Filme de Ficção Brasileiro
“Criadas”, de Carol Rodrigues (Brasil)
Prêmio do Público | Melhor Documentário Brasileiro
“Cadernos Negros”, de Joel Zito Araújo (Brasil)
Prêmio do Público | Melhor Filme de Ficção Internacional
“Palestina 36”, de Annemarie Jacir (Palestina, Reino Unido, França, Dinamarca, Noruega, Catar, Arábia Saudita, Jordânia)
Prêmio do Público | Melhor Documentário Internacional
“Yanuni”, de Richard Ladkani (Áustria, Brasil, EUA, Canadá, Alemanha)
Prêmio da Crítica | Melhor Filme Internacional
“A Sombra do Meu Pai”, de Akinola Davies Jr. (Reino Unido, Nigéria)
Prêmio da Crítica | Melhor Filme Brasileiro
“A Natureza das Coisas Invisíveis”, de Rafaela Camelo (Brasil, Chile)
Prêmio Brada | Melhor Direção de Arte
Jennifer Anti e Pablo Anti pelo filme “A Sombra do Meu Pai”, de Akinola Davies Jr. (Reino Unido, Nigéria)
Prêmio Abraccine
“O Pai e o Pajé”, de Iawarete Kaiabi, codirigido por Felipe Tomazelli e Luís Villaça (Brasil)
Prêmio Netflix
“Virtuosas”, de Cíntia Domit Bittar (Brasil)
Prêmio Paradiso
“Coração das Trevas”, de Rogério Nunes (Brasil, França)
Prêmio Prisma Queer | Melhor Filme Internacional
“Queerpanorama”, de Jun Li (EUA, Hong Kong, China)
Prêmio Prisma Queer | Melhor Filme Brasileiro
“A Natureza das Coisas Invisíveis”, de Rafaela Camelo (Brasil, Chile)
Prêmio Prisma Queer | Prêmio Especial do Júri
“Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente (Brasil, Portugal)
Prêmio Humanidade
Euzhan Palcy
Jafar Panahi
Jean-Pierre e Luc Dardenne
Prêmio Leon Cakoff
Charlie Kaufman
Mauricio de Sousa
Produtor de cinema, atualmente vive entre Istambul e Londres. Estudou literatura inglesa e cinema em Paris e Nova York. Seus créditos como produtor ou assistente de direção incluem filmes de diretores visionários como Steve McQueen, em “Shame” (2011), Todd Solondz, em “Dark Horse” (2011), Wes Anderson, em “Asteroid City” (2023), David Gordon Green, em “Joe” (2013) e na trilogia “Halloween” (2018, 2021, 2022), Jim Jarmusch, em “Os Mortos Não Morrem” (2019) e “Pai Mãe Irmã Irmão” (2025, 49ª Mostra), Yorgos Lanthimos, em “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (2017) e “A Favorita” (2018), Mira Nair, em “Rainha de Katwe” (2016), e David Chase, em “The Many Saints of Newark” (2021). Após o sucesso de “Pai Mãe Irmã Irmão”, de Jarmusch, ganhador do Leão de Ouro em Veneza em 2025, Atilla está desenvolvendo e produzindo novos filmes de Sara Driver, Arnaud Desplechin, Todd Solondz e David Gordon Green, tanto para os EUA quanto para o mercado internacional.
É um premiado produtor de cinema e televisão radicado em Los Angeles. Nascido no Reino Unido e criado no Brasil, trabalhou em diversos projetos de destaque internacional. Possui mestrado em produção pelo American Film Institute. Sua carreira começou com o indicado ao Oscar “No” (2012, 36ª Mostra), dirigido por Pablo Larraín, que recebeu o prêmio de melhor filme na Quinzena dos Cineastas do Festival de Cannes. Em seguida, produziu “O Massacre em Guernica” (2015), de Koldo Serra, “Nunca Vas a Estar Solo” (2016), de Alex Anwandter, vencedor do Teddy Award no Festival de Berlim, “Órfãos do Eldorado” (2017), de Guilherme Coelho, “Sérgio” (2020), de Greg Barker, “Nada de Novo no Front” (2022, 46ª Mostra), de Edward Berger, vencedor de quatro Oscars e sete BAFTAs, e a minissérie “Ghosts of Beirut” (2023). Dreifuss integrou o júri de diversos festivais internacionais, incluindo a Queer Palm em Cannes, além de festivais em Zurique, Santiago e Guadalajara.
Nasceu em Lisboa, em uma família cabo-verdiana, e foi criada na Suíça. É diretora do longa-metragem “Hanami” (2024), vencedor do prêmio de melhor direção para realizadores estreantes e de uma menção especial na competição de primeiros filmes em Locarno, de melhor filme na Competição Nacional do IndieLisboa, e do prêmio do júri de melhor longa-metragem de ficção na 48ª Mostra. O filme também foi exibido e premiado em diversos festivais internacionais, entre eles Chicago, Palm Springs, Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou (FESPACO), Gotemburgo e no BFI London Film Festival. Em 2025, a cineasta foi convidada para a Residência Ingmar Bergman, na Suécia, e “Hanami” integrou a retrospectiva L.A. Rebellion: Then and Now, no Lincoln Center, em Nova York. Seus filmes exploram temas como identidade, infância, memória e herança diaspórica.
Cineasta nascida em Medellín, Colômbia, onde vive atualmente. Seu filme de estreia, “Matar a Jesús” (2017), foi apresentado no Festival de Toronto e no Festival de San Sebastián, no qual recebeu uma menção especial na seção Novos Diretores e o prêmio Eroski de la Juventud. O filme foi selecionado para mais de 30 festivais internacionais e conquistou mais de 20 prêmios. Seu trabalho seguinte, “Os Reis do Mundo” (2022, 46ª Mostra), recebeu a Concha de Ouro de melhor filme em San Sebastián, onde também ganhou o Prêmio Signis e o Prêmio Feroz, entregue pela crítica. Também foi premiado como melhor filme no Festival de Zurique, no Festival de Biarritz, entre outros. Mora dirigiu três episódios da primeira temporada da série da Netflix “Cem Anos de Solidão” (2024), inspirada no livro do vencedor do Nobel Gabriel García Márquez. Atualmente, é responsável pela segunda e última parte da série, prevista para ser lançada em 2026.
É crítico-chefe de cinema da Variety, na qual já publicou quase duas mil críticas desde 2005. Entre 2014 e 2016, mudou-se de Los Angeles para Paris, de onde cobriu o circuito de festivais — de Monte Carlo a Reykjavik e Cannes, atuando como jurado em todos esses eventos. Coordena uma equipe de mais de uma dúzia de colaboradores espalhados pelo mundo, pautando e editando críticas para a revista. Também é responsável pela curadoria da lista anual 10 Directors to Watch, da Variety. Seus textos sobre cinema já foram publicados em veículos como Premiere, Life, Creative Screenwriting, IndieWire e The Miami Herald, assim como nos livros “Agnès Varda: Director’s Inspiration” e “Variety’s The Movie That Changed My Life”. Cofundador do Animation Is Film Festival, Peter lecionou na Chapman University e foi condecorado pela França com a Ordem das Artes e Letras.
Em Busca de Pérolas
O escritor e artista plástico Valter Hugo Mãe nos presenteou com a imagem que irá marcar a 49ª Mostra. As linhas sinuosas despertam a nossa imaginação e nos surpreendem com bolas de luz. O convite para o pôster foi feito depois de vermos “De Lugar Nenhum”, de Miguel Gonçalves Mendes, e considerando a também estreia mundial de “O Filho de Mil Homens”, de Daniel Rezende, uma linda coincidência que ressalta a relação afetiva que o multiartista tem com o Brasil e o Brasil com ele. Então vamos às pérolas que esperamos revelar nessa 49ª edição.
A Mostra deu início ao Ano Cultural Brasil/Reino Unido com a exibição do clássico “O Inquilino” (“The Lodger”, 1927), obra-prima de Alfred Hitchcock que teve o acompanhamento da Orquestra Brasil Jazz Sinfônica. E durante a programação da 49ª Mostra apresentamos 25 produções e coproduções britânicas, revelando a diversidade de sua cinematografia. O Ano Cultural Brasil/Reino Unido também está presente no nosso Encontro de Ideias Audiovisuais, com várias ações, e com as missões conjuntas na Mostra e no Festival de Londres. Esperamos que sejam sementes para muitas coproduções entre os dois países.
A cineasta martinicana Euzhan Palcy recebe o Prêmio Humanidade e apresenta os filmes “Rua Cases Nègres” (1983) — Leão de Prata no Festival de Veneza, entre vários outros prêmios —, “Assassinato Sob Custódia” (1989) e “Siméon” (1992). Na sua trajetória, denunciou o passado escravocata, o colonialismo e o Apartheid. Mas também mostrou o orgulho da cultura não hegemônica e a sua beleza. Palcy foi a primeira mulher negra a ter um filme produzido por um grande estúdio de Hollywood e recebeu o Oscar Honorário em 2023.
Em 1995, o cineasta iraniano Jafar Panahi recebeu da Mostra o prêmio Bandeira Paulista da Competição Novos Diretores com o filme “O Balão Branco” e, em 2018, enquanto estava proibido de sair do Irã, foi homenageado com o prêmio Leon Cakoff. Panahi volta a São Paulo para apresentar pessoalmente “Foi Apenas Um Acidente” — vencedor da Palma de Ouro em Cannes —, e nós teremos a alegria de entregar o Prêmio Humanidade em suas mãos.
Também homenagearemos com o Prêmio Humanidade os cineastas Jean-Pierre e Luc Dardenne pela sua obra engajada e ética sobre questões sociais urgentes. Os irmãos Dardenne apresentam o seu mais recente filme, “Jovens Mães”, na edição deste ano.
O inovador roteirista e diretor norte-americano Charlie Kaufman será homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. Seu curta “Como Fotografar um Fantasma” fará parte da nossa sessão de abertura, e ele ainda participa da masterclass que inaugura o V Encontro de Ideias.
Mauricio de Sousa também é homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. O genial quadrinista, que vive no nosso imaginário por meio de seus personagens que atravessam gerações, já nos brindou com o cartaz da 35ª Mostra e nesse ano nos oferece o pôster da 2a Mostrinha.
Como parte da homenagem, apresentaremos a cinebiografia “Mauricio de Sousa - O Filme” na 49ª Mostra, e três filmes baseados em seus personagens serão programados na 2ª Mostrinha. A nossa seção infantojuvenil abre com o filme “O Diário de Pilar na Amazônia” e amplia o seu alcance, chegando a 26 CEUs!
Com filmes que continuam modernos e inventivos em meio aos complexos rumos do século 21, o cineasta Želimir Žilnik exibe três títulos que ajudam a contar parte da história recente do leste europeu: “Primeiros Trabalhos” (1969), “Marble Ass” (1995) e seu mais recente trabalho, “Depois dos Oitenta”.
Como todos os anos, a Mostra apresenta uma forte seleção de filmes restaurados, começando com o mítico “Queen Kelly” (1929), dirigido por Erich von Stroheim e protagonizado por Gloria Swanson, que volta à Mostra com um novo restauro.
A efeméride dos 80 anos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki será lembrada com a exibição do clássico restaurado “Chuva Negra” (1989), de Shohei Imamura, e do curta “Alma Errante - Hibakusha”, de Joel Yamaji, sobre Takashi Morita, sobrevivente de Hiroshima que se tornou um ativista pela paz.
A 49a Mostra apresenta um grande panorama do cinema mundial com muitos nomes consagrados como Yorgos Lanthimos, Ildikó Enyedi, Alex Cox, Christian Petzold, Radu Jude, Park Chan-wook, Tsai Ming- liang, Gianfranco Rosi, Guillermo del Toro, Noah Baumbach, Richard Linklater, entre muitos outros. Entre os destaques estão filmes exibidos e premiados no circuito de festivais, como “Pai Mãe Irmã Irmão”, de Jim Jarmusch (Leão de Ouro no Festival de Veneza), “O Som da Queda”, de Mascha Schilinski (Prêmio do Júri em Cannes), além dos vencedores dos festivais de Roterdã e Locarno. Mas também exibe muitas descobertas e novos realizadores que fazem parte da Competição Novos Diretores.
Um dos significados de “Sirât”, filme de abertura da 49ª Mostra, é: ponte estreita que atravessa o abismo do inferno e leva ao paraíso. E se muitas vezes a atualidade nos faz sentir numa distopia, o cinema pode também nos mostrar alguns dos motivos, apontar caminhos e saídas. Enfim, pode nos ajudar a caminhar sobre as pontes.
Por tudo isso agradeço à equipe da Mostra e aos nossos apoiadores, parceiros e patrocinadores pelo caminho até aqui.
Esperamos que a 49ª Mostra revele muitas pérolas e que possamos navegar juntos por mares tranquilos e ter força e sabedoria em meio a tempestades.
Uma ótima Mostra a todos!
Renata de Almeida
A Petrobras tem uma longa e consistente trajetória de apoio ao cinema nacional. Por meio do Programa Petrobras Cultural, já patrocinamos mais de 600 filmes, entre produções e remasterizações, documentários e ficções, longas e curtas. Estivemos presentes em momentos emblemáticos da história do audiovisual brasileiro, como o filme que marcou a retomada do cinema nacional. Também estamos presentes em festivais, mostras e circuitos de exibição, fortalecendo não apenas a produção, mas também a circulação e o encontro do público com a diversidade de narrativas do Brasil.
Sabemos que o cinema brasileiro é uma forma potente de pensar o país. Uma arte que atravessa gerações, regiões e sotaques. Que se reinventa, experimenta e transforma. E, acima de tudo, que cria pontes entre histórias individuais e coletivas. Ao investir no setor, contribuímos para a formação de novos olhares e para o fortalecimento de uma cultura audiovisual viva, pulsante e conectada com os desafios do nosso tempo.
Estar ao lado da 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo é uma continuidade desse compromisso. A Mostra é um dos festivais mais importantes do país e um espaço central para o diálogo entre o cinema brasileiro e a produção internacional. A cada edição, São Paulo se transforma em um território de encontros e provocações, onde realizadores, críticos, estudantes e espectadores se reúnem para celebrar o cinema em sua pluralidade. A Mostra acolhe estreias, debates, descobertas. E reafirma o poder da arte como espaço de escuta, troca e reflexão.
Ao patrocinar mais esta edição, reforçamos nosso compromisso com a valorização da diversidade cultural e com o fortalecimento da produção audiovisual brasileira. Sabemos que a cultura é um pilar fundamental para o desenvolvimento do país — e o cinema, com sua potência narrativa, sensível e política, tem papel essencial nessa construção.
Acreditamos em um Brasil que se reconhece na tela. Que se vê, se emociona, se transforma a partir das imagens e sons produzidos por seus próprios criadores. Patrocinar iniciativas como a Mostra é seguir fortalecendo esse compromisso com a cultura como instrumento de desenvolvimento social, formação crítica e expressão da brasilidade.
Petrobras
O Itaú Cultural e a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo mantêm uma parceria de longa data, unidos pelo propósito de ampliar olhares e criar pontes por meio do audiovisual, fortalecendo a formação de públicos e conectando o cinema brasileiro e internacional a novas gerações.
Em 2025, a 49ª Mostra apresenta produções premiadas em Cannes, Berlim e outros grandes festivais, celebrando a potência criativa de artistas que transitam entre diferentes linguagens e consolidando-se como um dos principais eventos cinematográficos do país.
Desde 2021, o Itaú Cultural disponibiliza a plataforma gratuita de streaming Itaú Cultural Play, que reúne mais de 450 títulos mensais — voltados a narrativas autênticas e plurais sobre identidades brasileiras. O acesso é gratuito mediante cadastro em itauculturalplay.com.br.
O audiovisual integra outras frentes de atuação do Itaú Cultural e segue presente em programações e ações voltadas à difusão e ao debate sobre a linguagem, à preservação da memória e ao fomento do diálogo com novas gerações. Mais informações e conteúdos sobre cinema estão disponíveis em itaucultural.org.br.
Itaú Cultural
Mostra desdobrada
O trabalho desenvolvido pelo Sesc com a linguagem cinematográfica pauta-se pelo binômio difusão-formação, tendo na diversidade de temas, realizadores e dispositivos um de seus principais valores. As parcerias com mostras e festivais de cinema cumprem um papel igualmente dúplice e estratégico, na medida em que colaboram para a permanência desses importantes eventos no calendário cultural do país e, além disso, desdobram parte de suas programações nas unidades e plataformas do Sesc, alcançando audiências ainda mais abrangentes.
O Sesc São Paulo é parceiro da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo desde o advento dessa iniciativa, em 1977. Nessa longa trajetória de cumplicidade institucional, o Sesc vem contribuindo assiduamente com a missão da Mostra de disseminar produções inéditas da cinematografia mundial, assim como de promover debates com profissionais da área, viabilizando assim o contato contextualizado dos públicos com obras essenciais para o estabelecimento de relações complexas com a existência – na capacidade que a arte tem de destravar o imaginário e de expandir a percepção.
Nesta que é a 49ª edição do evento, o Sesc lança mão de uma série de formatos de exibição voltados às pessoas interessadas nos filmes da Mostra. No CineSesc, além da aguardada programação, acontece uma repescagem de títulos na semana subsequente. Também na sequência, dez unidades do Sesc no interior do estado são contempladas com obras selecionadas desta edição. Durante a Mostra, alguns longas-metragens são disponibilizados no Sesc Digital, da mesma forma que curtas em realidade virtual são exibidos no CineSesc.
Isso demonstra o quão profícua tende a ser uma parceria que, dada a pluralidade e a consistência dos repertórios fílmicos movimentados, permite a multiplicação de suas possibilidades de exibição, fazendo valer o compromisso do Sesc com a democratização do acesso a bens simbólicos decisivos para se conceber a multifacetada experiência contemporânea, com o que ela tem altamente desafiadora.
Luiz Deoclecio Massaro Galina
Diretor do Sesc São Paulo
A Spcine, empresa de cinema e audiovisual da cidade de São Paulo, tem orgulho de apoiar a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, reafirmando seu compromisso com a difusão, a formação de público e o fortalecimento do setor audiovisual. Ao longo de uma década de atuação, a Spcine consolidou-se como elo entre a cidade, seus equipamentos culturais e grandes eventos, ampliando o acesso da população à produção cinematográfica nacional e internacional.
Neste ano, a parceria com a Mostra se traduz em uma ampla programação em espaços do Circuito Spcine: sessões diárias no Centro Cultural São Paulo (CCSP), Cine Olido, Biblioteca Roberto Santos e Centro Cultural Cidade Tiradentes; exibições nos CEUs, aproximando a Mostra de novos territórios e públicos; e uma sessão especial com a presença de realizadores para debate.
Complementando a programação especial na rede de salas de cinema pública, ocorrerão sessões da 2ª Mostrinha, sessões dedicadas à infância e juventude, incentivando a formação da nova geração de espectadores, um compromisso ao qual a Spcine está dedicando especial atenção. A plataforma Spcine Play também se integra à celebração, disponibilizando gratuitamente, por 30 dias, cinco filmes da seleção oficial do festival em sua nova identidade visual.
Além das ações de difusão, a Spcine contribui para a formação profissional ao apoiar a contratação de profissionais pela Rede de Formação Spcine, ampliando a circulação de conhecimento e experiências dentro do festival.
A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo é um dos mais importantes eventos culturais do país, capaz de conectar públicos, artistas e ideias em torno da potência transformadora do cinema. A Spcine celebra essa trajetória e deseja vida longa à Mostra, que segue iluminando telas e inspirando gerações.
Lyara Oliveira
Presidente da Spcine
Uma obra, seja da natureza que for, exige tempo, elaboração, persistência e trabalho coletivo. Assim como a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, no Projeto Paradiso acreditamos que as grandes iniciativas se constroem de forma contínua e com profundo compromisso com o que é feito.
Na 49ª Mostra e na ocasião da 5a edição do Encontro de Ideias Audiovisuais, celebramos justamente essa continuidade. Ações iniciadas em anos anteriores seguem se desdobrando e gerando frutos no presente. Em 2024, ao lado do Hubert Bals Fund, promovemos o “Impact Day” com a diretora do fundo, Tamara Tatishvili, ocasião em que lançamos uma publicação sobre a importância do investimento no desenvolvimento audiovisual e que depois teve como desdobramento o lançamento do Hubert Bals Fund+Brasil, fundo inédito voltado ao apoio exclusivo a projetos brasileiros. Neste ano, Tamara retorna em uma mesa sobre financiamento internacional, ao lado do British Film Institute — um diálogo que reafirma o valor de construir pontes duradouras.
A mesma lógica se aplica ao Prêmio Paradiso de apoio à distribuição de um longa-metragem de ficção brasileiro, entregue pelo terceiro ano consecutivo na cerimônia de encerramento da Mostra. Em 2024, o filme premiado foi “Malu”, estreia de Pedro Freire, que emocionou ao estabelecer uma conexão única com o público em seu lançamento nas salas de cinema. A premiação, ano após ano, reafirma nosso compromisso em apoiar o ciclo completo das obras até elas chegarem a suas audiências.
Em 2025, damos novos passos dentro desse percurso. Vamos participar de uma mesa dedicada às narrativas climáticas no audiovisual brasileiro, ressaltando a atualidade e a relevância desse debate para a indústria nacional. Pela primeira vez, também estaremos em um painel sobre a forma como as filantropias podem gerar um impacto positivo para o setor.
O cinema não é apenas uma arte que se beneficia da perenidade, mas também da colaboração: cada obra nasce da soma de talentos, conexões e esforços que se renovam a cada projeto. Essa é outra crença que orienta o Projeto Paradiso e que encontramos refletida na Mostra e no Encontro de Ideias Audiovisuais, eventos que admiramos por sua consistência, relevância e capacidade de se reinventar ao longo do tempo. Se hoje colhemos frutos, é porque nunca caminhamos sozinhos, mas lado a lado com parceiros que compartilham conosco esse compromisso de longo prazo.
Vida longa à Mostra e ao Encontro de Ideias Audiovisuais!
Josephine Bourgois
Diretora executiva do Projeto Paradiso
Rede Municipal de Educação de São Paulo participa das atividades da 2ª Mostrinha
Um dos principais objetivos da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo é a formação integral das(os) nossas(os) estudantes e educadoras(es). Para isso, partimos do conceito de uma Cidade Educadora, que considera, dentre outras qualidades, a participação democrática nas vivências com e nos diversos territórios e regiões do município, a integração com os múltiplos agentes que atuam na produção dos saberes e fazeres plurais, a valorização dos saberes locais e o acesso aos mais diferentes equipamentos, instituições e organizações de cultura, saúde, esporte, entretenimento e lazer.
É sob essa perspectiva que a Coordenadoria dos Centros Educacionais Unificados, por meio da Divisão de Cultura, estreita as relações com a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. A linguagem audiovisual, presente em nossas políticas públicas educativas, é abordada tanto nas práticas em sala de aula conforme orienta nosso Currículo da Cidade, seja por meio de atividades-meio e/ou atividades-fim (Marcos Napolitano), quanto nas relações intersecretariais – Programa Vocacional, Circuito SPCine – e intersetoriais – Mostra EcoFalante, gratuidade em cinemas de rua – como forma de potencializar as aprendizagens, a valorização cultural, a construção de narrativas e, principalmente, a construção de cidadãos críticos e sensíveis.
Especialmente promovida pela Mostra, a 1ª edição da Mostrinha, com títulos de várias nacionalidades voltados ao público infantil, infantojuvenil e adolescente, recebeu centenas de estudantes da Rede Municipal de Ensino em suas sessões. Na ocasião, foi possível fruir curtas, médias e longas-metragens de filmes e animações de diferentes países. Agora em sua 2ª edição, mantemos essa aproximação com o evento, avançando em nossas intenções educativas por meio do cinema: para além de garantir o acesso às salas de exibição, buscamos, coletivamente, fomentar a educação integral na abertura e na receptividade do nosso público às experiências individuais (Jorge Larrosa), estimular a possibilidade de criar suas próprias histórias e imagens a partir da condição de espectador (Jacques Rancière) e, principalmente, desenvolver aprendizagens nos campos temáticos e nas áreas das imagens, dos tempos, das línguas e dos gêneros que compõem a estrutura cinematográfica.
Deste modo, para continuarmos a garantir os direitos à educação, à cultura, ao entretenimento e ao acesso à cidade, desejamos que, em cada próxima edição da Mostrinha, nossas(os) estudantes e educadoras(es) possam seguir ocupando os espaços de exibições fílmicas de São Paulo, ampliando e lapidando seus saberes, seus repertórios, suas histórias e, sobretudo, suas imaginações. É preciso, mais do que nunca, continuar ficcionando, fabulando (Antonio Candido) e sonhando para que possamos construir, com criatividade e reflexão, uma sociedade plural, cidadã e viva. Como declama o poeta Waly Salomão no documentário “Pan-Cinema Permanente”, dirigido por Carlos Nader: “Chega do papo furado de que o sonho acabou: A vida é sonho. A vida é sonho. A vida é sonho.”
Júnior Suci
Secretaria Municipal de Educação
Diretor da Divisão de Cultura
A sucessão de fotografias em sépia indica uma temporalidade diluída no pó da memória. Aqui e ali distinguem-se faces e corpos. Preto é a cor que torna visíveis essas figuras invisibilizadas pela história. Estética e política não têm vidas separadas nas imagens de “Rua Cases Nègres”, o longa de 1983 que revelou a martinicana Euzhan Palcy — mulher, negra e proveniente de espaço periférico —, quando o mundo do cinema ainda mal conseguia enxergar para além de si mesmo.
O filme surpreendeu o público e o júri do Festival de Veneza, que reconheceu a cineasta de 26 anos com o Leão de Prata, a primeira vez que o prêmio foi concedido para uma mulher e pessoa negra na direção. Quatro décadas depois, “Rua Cases Nègres” segue impactando como na primeira vez.
Naquele momento, não se sabia nada sobre Euzhan Palcy. Tampouco do cinema martinicano. Na terra natal, porém, a cineasta já havia começado, em 1974, seu percurso de pioneira ao produzir e dirigir, com apenas 17 anos, um média-metragem para a TV. O drama sobre uma senhora trabalhadora numa plantação de bananas antecipou o afetuoso retrato de M’Man Tine, a avó-casulo de “Rua Cases Nègres”.
Após uma temporada na França, onde se formou em artes e literatura e estudou fotografia na prestigiosa escola de cinema Louis Lumière, Palcy retornou à Martinica. No curta “A Oficina do Diabo” (“L’atelier du Diable”, 1982), ela ensaiou a forma e o tema que ganharam amplitude no seu primeiro longa.
Exemplar precoce do que hoje chamamos decolonialidade, “Rua Cases Nègres” produz dissonância ao dar história, voz e ponto de vista ao povo que há séculos era tratado apenas como mão de obra.
O roteiro de Palcy, adaptado do romance memorialístico do martinicano Joseph Zobel, acompanha a infância de José, uma das crianças da Rua Cases Nègres, um lugar que simboliza tantos outros, para onde os excluídos são empurrados mundo afora. Quando os adultos saem para o trabalho exaustivo de extração da cana, esses jovens aproveitam para praticar algo que não demoram a perder: a liberdade.
Palcy constrói o relato em torno dessa ideia, que sabe ser utópica. Há sempre um adulto, um patrão, um branco, um professor ou a morte rondando para punir, coagir, usurpar o que as crianças acham que têm. No caminho, José ganha a consciência de que é um dos “condenados da Terra” e luta pela emancipação que os mais velhos não conquistaram.
A repercussão do filme catapultou a carreira de Palcy, e ela explorou a visibilidade para afrontar o repulsivo Apartheid na África do Sul, bastião tardio do colonialismo. Com “Assassinato Sob Custódia” (1989), a realizadora se inscreveu na linhagem do cinema político fundado na adesão emocional, de mestres como Costa-Gavras e Gillo Pontecorvo.
Primeira produção de estúdio hollywoodiano dirigida por uma mulher negra, o thriller de denúncia conta com o brilho de duas estrelas politicamente engajadas, Donald Sutherland e Susan Sarandon. O mítico Marlon Brando pausou a aposentadoria para uma breve participação que lhe valeu a oitava e última indicação ao Oscar.
O filme, lançado cinco anos antes do fim do Apartheid, integrou o movimento decisivo de pressão internacional que culminou na abolição do regime segregacionista.
Para não ser devorada e despersonalizada pela máquina hollywoodiana, Palcy realizou um retorno às origens em “Siméon” (1992). As cores e ritmos antilhanos iluminam esta afirmação de identidades, com a qual a cineasta brinca com um gênero — o musical —, antecipando o que o século 21 passou a chamar de “soft power”.
Em seguida, ela reiterou seu compromisso com a política dos afetos no documentário “Aimé Césaire, uma Voz para a História” (“Aimé Césaire, Une Voix pour L’histoire”, 1995), sobre o poeta antilhano que também acreditou no compromisso das artes contra as injustiças. Em outro documentário, “Percurso de Dissidentes” (“Parcours de Dissidents”, 2006), a cineasta reconstituiu a atuação de jovens martinicanos na resistência ao governo fantoche do marechal Pétain durante a ocupação da França pelo nazismo.
A filmografia concisa da cineasta intensifica a coerência de seu percurso, sempre mirando as continuidades entre o passado escravocrata e colonial e o presente de explorações e dominações.
Em 2023, Palcy foi homenageada com um Oscar honorário por seu papel na “criação de espaços para mulheres cineastas negras e inspiração para artistas de todas as cores em todo o mundo”.
A 49ª Mostra dedica o Prêmio Humanidade a Euzhan Palcy por seu papel fundamental na construção de um discurso contra-hegemônico e inspirador para tantas e tantos cineastas e também oferece ao público a oportunidade de redescobrir uma obra que se tornou ainda mais atual.
A Mostra acompanha o cinema de Jafar Panahi desde 1995, ano em que a 19a edição exibiu e premiou seu primeiro longa, “O Balão Branco”. Dali em diante, cada novo trabalho do cineasta iraniano não faltou ao encontro anual com o público brasileiro. Em 2018, recebeu o Prêmio Leon Cakoff, mas Panahi estava impedido de sair do Irã e não pôde vir ao Brasil. E agora, em 2025, além de exibir seu novíssimo trabalho, “Foi Apenas um Acidente”, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, a Mostra dedica a ele o Prêmio Humanidade.
Os 30 anos desta história vêm sendo marcados por glórias e perseguições. Em seus primeiros cinco longas, ou seja, de 1995 a 2006, Panahi construiu uma filmografia cada vez mais politizada, de enfrentamento ao regime iraniano. Em 2009, o cineasta se engajou na campanha eleitoral da oposição e, no ano seguinte, foi punido com uma pena que visava impedi-lo de criar e se manifestar.
Seu cinema foi a razão alegada pelo regime para calá-lo. E esse mesmo cinema foi a arma que Panahi não abandonou para continuar a dizer o que é preciso ser dito.
Quando assistimos a “O Balão Branco” em 1995, Panahi se apresentava filmando a candura das crianças como seu mestre, Abbas Kiarostami, e tantos outros cineastas iranianos. Ali, conjugado com a inocência, aparece o tema da trapaça, artifício essencial para escapar das malhas repressivas do poder tirano.
A escolha de títulos quase banais, astúcia eficaz dos iranianos, reaparece em “O Espelho” (1997). O ponto de vista da infância, a perambulação, o registro quase documental do cotidiano da cidade sugerem uma filiação ao neorrealismo italiano. O princípio da ficção como espelho da realidade, contudo, é quebrado quando a protagonista anuncia que não quer mais atuar. Ao lado da crença, ou inocência, Panahi apresenta a dúvida, ou trapaça, mostrando como uma depende da outra.
O filme seguinte anuncia um avanço mais ousadamente político do cineasta. Para construir o retrato mais explícito possível da condição feminina no Irã, Panahi deixa de lado a inocência do olhar infantil e foca nos corpos. A relação das vestimentas com o que não se pode mostrar (ao olhar) e com o que é preciso ocultar (da lei) revela o fascinante poder do cinema de jogar com o que vemos e o que não vemos.
A centralidade dos corpos torna-se mais enfática nos dois filmes sucessivos. O corpo sobrecarregado de tarefas e de injustiças de um entregador chega ao limite e bloqueia o que vemos no magnífico plano-sequência que abre e conclui o filme. Já em “Fora de Jogo” (2006), a função das roupas não é ocultar, mas enganar.
A primeira fase da filmografia de Panahi aponta uma progressão cada vez mais explícita de oposição ao regime, exibindo formas de exclusão, reclusão e repressão que a tirania pretende ocultar.
O posicionamento aberto a favor da oposição nas eleições de 2009 culminou na condenação do cineasta em 2010, sob acusações absurdas de crimes, que, segundo a lei, Panahi cometia em seus filmes construídos como um jogo entre mostrar e ocultar.
A condenação a seis anos de prisão e a proibição de fazer filmes, escrever roteiros, viajar para o exterior e falar com a mídia por 20 anos forçou o cineasta a reorientar seus projetos. Como diversos artistas que, ao longo da história, criaram obras cuja riqueza é proporcional à perda de liberdades, Panahi converteu o pouco em muito.
A leveza dos equipamentos digitais combinada com a facilidade de ocultá-los tornou-se um artifício para driblar a punição. Com o irônico título “Isto Não É um Filme”, Panahi e o cineasta Mojtaba Mirtahmasb registraram o cotidiano do diretor em prisão domiciliar, descrevendo em detalhes um projeto de filme que ele não podia fazer. O conteúdo foi contrabandeado e exibido no Festival de Cannes de 2011.
O Festival de Berlim de 2011 convidou o cineasta para compor o júri. Em resposta à não autorização do governo iraniano, os organizadores da Berlinale compuseram a mesa do júri com o assento de Panahi vazio, tornando a ausência um ato eloquente.
Nos anos seguintes, a situação de Panahi como refém do regime não o impediu de um prolífica produção, que inclui filmes como “Cortinas Fechadas” (2013), “Táxi Teerã” (2015), “3 Faces” (2018) e “Sem Ursos” (2022), todos premiados nos maiores festivais. Ele é hoje o único cineasta do mundo premiado com o Urso de Ouro, em Berlim, a Palma de Ouro, em Cannes, o Leopardo de Ouro, em Locarno, e o Leão de Ouro, em Veneza.
A perseguição ao cineasta continuou e, em 2022, Jafar Panahi foi preso mais uma vez e só foi libertado em fevereiro de 2023, após uma greve de fome.
Ao anunciar a Palma de Ouro de 2025 para “Foi Apenas um Acidente”, a presidente do júri, Juliette Binoche, ressaltou que o filme, assim como toda a obra de Panahi, “nasce de um sentimento de resistência, de sobrevivência, que é absolutamente necessário hoje”.
A 49ª Mostra concede o Prêmio Humanidade ao cineasta iraniano Jafar Panahi por ele ter demonstrado como a cultura e a arte são, hoje e sempre, poderes fundamentais de defesa das liberdades e por ele expandir os horizontes do audiovisual como linguagem estética, ética e política.
A transição da era do proletariado para os tempos do precariado estimulou cineastas a utilizar o cinema como posto de observação privilegiado para registrar o impacto das mudanças nas vidas comuns. Os belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, praticamente desconhecidos até meados dos anos 1990, apresentaram com “A Promessa” (1996) um quadro que anunciava o futuro a que lentamente chegamos, mas também um olhar de resistência e de acolhimento sobre o mundo.
Luc vinha da filosofia, Jean-Pierre das artes dramáticas. De um lado, ideias. De outro, a criação de modos de representá- las. Mas os talentos da dupla não amadureceram apenas por conta própria.
As experiências do dramaturgo francês Armand Gatti com vídeo e improvisação inspiraram o processo de filmar com a câmera na mão, vinculando atuação, espaços, gestual e imersão.
A leitura atenta dos filmes do polonês Krzysztof Kieślowski e do francês Maurice Pialat revelou modos de filmar avessos a regras, capazes de transmitir intensidades e estados de alma sem recorrer a atuações psicológicas.
“A Promessa” não era o primeiro trabalho da dupla. Desde 1978, eles acumulavam experiência com um bom punhado de documentários feitos na tradição do cinema militante. Realizaram também “Falsch” (1987) e “Je Pense à Vous” (1993), dois filmes de ficção que de alguma maneira encerram este primeiro momento da carreira dos irmãos. “A Promessa” dá início ao que se considera a fase madura dos Dardenne. A partir dali, a dupla depura os elementos de uma obra autoral, conceitual e sentimental.
A história do garoto belga que, por vias tortas, reconhece num imigrante clandestino africano um igual comportava, como apontou o crítico Emmanuel Burdeau nos Cahiers du Cinéma, a primazia do cinema sobre o roteiro, pois “tudo é submetido primeiro à prova do cinema, da presença e da duração bruta”, impressão que outros críticos descreveram por meio de categorias indefiníveis, como “naturalismo” e “realismo”.
Seu filme seguinte, “Rosetta” (1999), ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O choque que o filme provocou, intensificado pela atuação de Émilie Dequenne, confirmou que o cinema dos Dardenne trazia não apenas uma temática forte. “Rosetta” demonstra, mais uma vez, que forma é conteúdo. A câmera solta, seguindo de perto os corpos e faces, produz sensação de veracidade, mas não só. O dispositivo nos coloca na dupla função de testemunhas e participantes. Não apenas observamos, estamos implicados.
Trata-se de uma estética, ao mesmo tempo, ética. Em vez de assistirmos ao drama de Rosetta, somos Rosetta, pois ela condensa os bilhões de indivíduos entregues à própria sorte num tempo em que a lei “cada um por si” vale para todos.
Por meio da mise-en-scène, os Dardenne nos jogam dentro da experiência do abandono, situações em que os personagens descobrem que o social e o comum estão fraturados e em constante crise. Nós, do lado de cá da tela, nos deparamos com o que no mundo é tratado como invisível.
O garoto de “O Filho” (2002), os pais de “A Criança” (2005), a protagonista de “O Silêncio de Lorna” (2008), “O Garoto da Bicicleta” (2011), a operária Sandra de “Dois Dias, Uma Noite” (2014), a médica e “A Garota Desconhecida” (2016), “O Jovem Ahmed” (2019), os exilados de “Tori e Lokita” (2022) e, agora, as adolescentes que têm de carregar o fardo da gravidez precoce em “Jovens Mães” são, todas e todos, figurações desse abandono. Mas, no cinema ético dos irmãos Dardenne, esses personagens encontram-se constantemente diante de um inesperado acolhimento frente ao abandono, sinalizado tanto pelo olhar dos diretores, como em relações e dinâmicas em que a humanidade e o companheirismo persistem.
A 49ª Mostra celebra a obra de Jean-Pierre e Luc Dardenne com o Prêmio Humanidade pelo empenho dos irmãos belgas em expor o que a sociedade muitas vezes tenta deixar de lado, mas acima de tudo, por um cinema que se interessa pelas pessoas e seus gestos que resistem.
Quem não aplendeu a gostar de ler com os gibis da Turma da Mônica que atile o primeilo coelho!
Basta olhar os 28 personagens que aparecem no cartaz da 2ª Mostrinha. Cada um deles e delas nos ensinou a gostar de ler e nos representa desde que éramos crianças, nos tornamos jovens e viramos adultos. Cada um pode ser identificado por hábitos, roupas, penteados e manias. Todos têm, em comum, os traços de seu pai: Mauricio de Sousa.
Esta não é a primeira vez que a Mostra tem o prazer de ter Mauricio fazendo arte. Em 2011, o desenhista assinou o cartaz oficial da 35ª edição do festival. No desenho, Piteco projetava sua sombra na parede de uma caverna, séculos antes de os projetistas das lanternas mágicas popularizarem o brinquedo óptico que foi um antepassado do cinema.
Mauricio e a Mostra têm outras particularidades em comum. Por meio de seus desenhos e histórias, Mauricio inventou um imaginário tipicamente brasileiro para crianças de todas as idades. A Mostra, por sua vez, sempre trouxe para o público brasileiro uma cultura cinematográfica feita de filmes dos muitos Brasis e dos muitos mundos. Ambos os projetos longevos e fecundos compartilham a certeza de que é mínima a distância entre o local e o universal.
Os personagens que ilustram o cartaz da Mostrinha são a cara de Mauricio, estão sempre em movimento. Na primeira fila estão os primogênitos, Bidu e Franjinha. Ninguém sabia que eles eram azul e loiro porque, quando estrearam em 1959, na Folha da Manhã, os jornais eram em preto-e-branco, tal como os filmes antigos.
Poucos anos depois, nasceram Cebolinha e seu cão — o Floquinho —, Cascão, Chico Bento, Piteco, Horácio, Jeremias, Astronauta e Jotalhão. Em seguida vieram a Mônica e a Magali, ambas inspiradas em suas primeiras filhas. Estas duas personagens, aliás, surgiram no contexto histórico em que as mulheres estavam deixando de ser apenas mães e esposas para se tornarem protagonistas. Hoje, é fácil reconhecer que a força da Mônica, sua habilidade de pôr os meninos para correr, antecipa em décadas o que agora chamamos de “empoderamento”.
O salto do papel para as telas aconteceu no final da década de 1960, com o Jotalhão, que virou garoto-propaganda de comerciais exibidos na TV.
Na década seguinte, a Turma da Mônica ganhou uma série de TV. Em 1979, “Mônica e Cebolinha - No Mundo de Romeu e Julieta”, primeiro filme de animação da turma, inaugurou um filão que até hoje não parou de dar frutos. A 2a Mostrinha, como parte dessa homenagem, exibe neste ano três produções da safra recente desses personagens: “Turma da Mônica: Laços”, “Turma da Mônica: Lições” e “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”.
Dos primeiros passos do Bidu, há mais de 60 anos, às dobras do Mônicaverso, Mauricio de Sousa manteve o dom de adaptar suas histórias ao tempo que nunca para. Daquele Brasil que era um grande Bairro do Limoeiro ao país hipercontemporâneo, no qual tudo mudou, inclusive a infância, seus personagens nunca deixam de escapar o que somos.
A exibição da cinebiografia “Mauricio de Sousa - O Filme” revela as origens do artista, o início de sua trajetória e o nascimento desses personagens que fazem parte do imaginário de todos nós.
Ao dedicar o Prêmio Leon Cakoff ao multiartista Mauricio de Sousa, a 49ª Mostra celebra uma obra que é a cara do país: mutante, persistente, aberto e amoroso.
O ano de 1999 foi pressentido como apocalíptico. A aura crepuscular de fim de século fomentou balanços em que se decretava o esgotamento tecnológico e da civilização. O surgimento, em meio à crise, de mentes que não estavam nem aí para esse esgotamento, mostrou que oxigênio faz parte da vida. Charlie Kaufman logo assumiu a função de farol para quem estava chegando.
“Quero Ser John Malkovich” (1999), primeiro longa com a assinatura do roteirista, reivindicava a ambição do cinema moderno com uma arquitetura de desencaixes e personagens quebradiços. Kaufman apostava no humor cerebral, disparando risos nervosos temperados com reflexão.
Além da narrativa tortuosa direcionada ao público órfão de complexidade, o filme preservava um lugar ao sol para os personagens anômalos. O cinema indie, nicho importante da indústria nos anos 1990, exibia muitas representações dos jovens adultos em crise. Os primeiros roteiros de Kaufman para o cinema absorveram esse sentimento de incapacidade tão comum no mundo das competências. Mais importante, privilegiaram a interioridade, valorizaram o “de perto ninguém é normal” num momento em que o imperativo já era o desempenho sem falhas.
O primeiro roteiro para o cinema não era obra de novato. Desde o início dos anos 1990, Kaufman frequentava salas de roteiristas, as fábricas de séries. Nesses ambientes multicriativos, a TV conseguia muitas vezes ser a mídia que satisfazia a demanda de narrativas complexas e personagens multidimensionais.
A parceria, nos dois primeiros longas, com Spike Jonze e Michel Gondry, diretores de imaginação transbordante, também favoreceu Kaufman. Ninguém esperava que Jonze e Gondry fizessem filmes normais, pois ambos abordaram o cinema com status de artistas inventivos, adquirido na criação de videoclipes de enorme sucesso.
A singularidade das histórias de Kaufman também chamou a atenção para a dimensão autoral dos roteiristas. Ofuscados pelo protagonismo dos diretores, os roteiristas não costumavam ser escolhidos como chamarizes pelo marketing das produções. Não por acaso, profissionais como Billy Wilder, Preston Sturges, Federico Fellini, Joel e Ethan Coen ou Agnès Jaoui só chamaram a atenção do grande público quando passaram a dirigir.
“Natureza Quase Humana” (2001), “Adaptação” (2002), “Confissões de uma Mente Perigosa” (2004) e, sobretudo, “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” (2004), pelo qual recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Original, conquistaram o status de filmes de Charlie Kaufman, embora nenhum traga o nome dele nos créditos de direção. Ou seja, é possível reconhecer temas, tratamentos e estilos recorrentes nos filmes “de” Charlie Kaufman.
Nutrido de alta literatura e dramaturgia, Kaufman soube traduzir para o cinema, em chave lúdica, questões que ocupam os teóricos, como as metanarrativas, a reflexividade e os eternos questionamentos do que chamamos de “real”.
Sua estreia na direção, com “Sinédoque, Nova York” (2008), expressava desde o título que, para o diretor-roteirista, pensar é um grande entretenimento. O longa confirmou seu talento para criar híbridos entre o experimental e o mainstream, objetos pop capazes de provocar discussões acadêmicas, filmes teóricos que alcançam um público além dos “cinemas de arte”.
O sucesso poderia ter se convertido em fórmula, mas sua mente inquieta sempre o arrasta para fora da curva. Com “Anomalisa” (2015), filme que faz parte desta homenagem, ele experimentou e usou a animação para explorar os não-limites do realismo, a subjetividade instável, as crises da maturidade, reiterando a cumplicidade de Kaufman com os seres frágeis que vivem escondidos em nós.
“Estou Pensando em Acabar com Tudo” (2020) demonstrou que não adianta se culpar, se mirar no espelho e se chamar de inútil. Não só o eu veio quebrado, o próprio mundo é como um copo espatifado em que a gente tenta, inutilmente, não pisar.
A 49ª Mostra dedica o Prêmio Leon Cakoff a Charlie Kaufman por sua contribuição histórica e presente a esta arte que nunca deixa de renascer. Como parte da homenagem a Charlie Kaufman, a Mostra também realiza a primeira exibição no Brasil do curta “Como Fotografar um Fantasma”, que estreou no Festival de Veneza. Nesta perambulação sensorial pelas ruas de Atenas, Kaufman caça seus (e nossos) fantasmas prediletos: a memória, as identidades, os desejos, o cinema.
Želimir Žilnik é um cineasta ainda semi-secreto, embora sua filmografia já exista há sete décadas, reúna mais de 50 títulos e continue a acumular prêmios em festivais de prestígio. Mas sua obra, embora muitas vezes ignorada, não é só historicamente importante: era avançada quando ele começou, 60 anos atrás, e continua moderna e inventiva em meio aos complexos rumos do século 21.
A 49ª Mostra apresenta três títulos da filmografia do diretor sérvio. “Primeiros Trabalhos” (1969), seu longa-metragem de estreia, premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim, “Marble Ass” (1995), que recebeu o Teddy Bear também na Berlinale, e o recentíssimo “Depois dos Oitenta”, apresentado na edição de 2025 do festival alemão.
A filmografia de Žilnik é uma espécie de sismógrafo da história. Ele nasceu em 1942 num campo de concentração nazista, em Niš, na então República da Iugoslávia. Seus pais, resistentes comunistas, foram mortos na guerra. Criado pelos avós, ele cresceu sob o regime socialista de Josip Broz Tito, primeiro- ministro e, mais tarde, presidente vitalício da Iugoslávia. A jovem república se equilibrava entre tensões étnicas internas e as pressões, de um lado, do comunismo soviético hegemônico nos países do leste europeu, e de outro, do capitalismo e suas promessas de riqueza e consumo.
Depois de estudar direito, Žilnik configura o foco de sua obra em quatro curtas nos quais retrata desempregados, crianças abandonadas, a insatisfação política dos jovens e protestos contra o regime.
Em 1968, o “ano que não terminou”, ele realiza seu primeiro longa, intitulado, ironicamente, “Primeiros Trabalhos”. Em meados de 1969, o filme é reconhecido com o Urso de Ouro, prêmio máximo no Festival de Berlim.
Os “primeiros trabalhos” a que o título do longa se refere são os textos de Karl Marx, nos quais o pensador alemão preconizava as condições estruturais apropriadas para o advento do comunismo. Nações agrárias e com níveis primários de industrialização, como a Iugoslávia, não cabiam na receita.
O filme mapeia esta dissonância seguindo o modo do road movie. Quatro jovens, encabeçados por uma garota chamada Iugoslava, perambulam por aldeias, ruínas e terras áridas propagandeando ideais socialistas em forma de utopia.
Na abertura, o filme se define como comédia e credita os diálogos adicionais a Karl Marx e Friedrich Engels. O tom farsesco ameniza os riscos de punição, recorrentes naqueles regimes repressivos. Žilnik e seus colegas da chamada Onda Negra do cinema dos anos 1960 da antiga Iugoslávia sabiam dos antecedentes na Hungria, em 1956, e em Praga, em 1968.
A estratégia não é de confronto por meio de zombaria, nem de discurso anticomunista. Os jovens protagonistas do filme representam os ideais da primeira geração nascida sob as promessas do socialismo e insatisfeita com os resultados do regime.
“Primeiros Trabalhos”, no entanto, não se encaixa na categoria “filmes de mensagem”. Žilnik estabelece, no primeiro longa, o princípio, ao qual se manteve fiel, de que conteúdo e forma não sobrevivem separados. A trajetória disruptiva, bastante anárquica, “punk”, dirão alguns, dos personagens é apresentada por meio de fragmentos, de colisões narrativas, rebeldes à linearidade e à totalização.
“Marble Ass”, feito três décadas depois, continua demonstrando que estéticas engajadas não podem ser rígidas e reféns de fórmulas. Em plena Guerra da Bósnia, o sérvio Žilnik registra o cotidiano inusitado e clandestino de Merlyn e Sanela, duas personagens queer. Enquanto o governo sérvio de Slobodan Milošević exterminava as minorias étnicas da esfacelada Iugoslávia, as duas promovem um “faça amor, não faça guerra” disruptivo. Os jovens soldados que retornam traumatizados do front redescobrem, nos braços de Merlyn e Sanela, uma arma pacifista.
Com baixíssimo orçamento e captado em tecnologia de vídeo pré-digital, “Marble Ass”, exibido na 19ª Mostra, registra o mal-estar social em Belgrado, as condições precárias de vida e as violências contra as personagens marginalizadas. Antes de virar tendência, Žilnik borra as fronteiras entre documentário e ficção e faz um filme tão fora dos padrões quanto seus personagens, e que lhe rendeu um Teddy Bear em Berlim, para títulos com temática LGBTQIA+.
Trinta anos mais tarde, Žilnik chega incansável ao presente e atento às novas formas de exclusão e de resistência. “Depois dos Oitenta” aborda experiências de quem já está há muito tempo num mundo em que os velhos são considerados um estorvo. O filme acompanha o retorno de Stevan, um pianista octogenário, à Sérvia, enquanto revisita os lugares e os tempos da juventude.
Esse retorno do personagem às origens carrega mais ironia que nostalgia. Ao evocar um tempo que não existe mais, Žilnik atualiza o sentimento de catástrofe sem mais uma vez acreditar que tudo está perdido.

QUER SER PATRONO DA MOSTRA? Clique aqui e saiba mais informações.
