Jornal da Mostra

A 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo terá uma série de apresentações especiais em sua programação. Entre elas, a do filme “Um Homem com uma Câmera”, de Dziga Vertov (1896-1954).

Marco do cinema de vanguarda soviético, o filme de 1929 acompanha a rotina de uma cidade russa, se valendo de todos os tipos de técnicas de câmera possíveis na época. 

A exibição do filme na Mostra conta com uma nova trilha sonora especialmente criada por Luiz Henrique Xavier, compositor, flautista e professor do departamento de música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

Sobre a empreitada musical, Xavier explica: “me inspirei na linguagem das tendências musicais e artísticas das vanguardas russas do começo do século 20 e das trilhas para os filmes dessa época que, como se sabe, não eram sonoros e eram acompanhados ao vivo por músicos e até grandes orquestras.”

Obra experimental

No início do filme, no único letreiro indicativo que nos guia pela obra, um aviso sobre a proposta: “registro em seis rolos de celulóide são fragmentos do diário de um cinegrafista e representam uma experiência cinematográfica de comunicação de acontecimentos visíveis sem a ajuda de legendas intercalares, sem a ajuda de um roteiro, sem ajuda do teatro, sem cenário e sem atores.”

Denis Arkadievitch Kaufman nasceu em Bialystok, Grodno Governorate, Império Russo, hoje Podlaskie, Polônia, em 1896. Foi um pioneiro e vanguardista soviético em documentários e cinejornais, além de teórico do cinema. Adotou o nome artístico Dziga Vertov e, aos 22 anos, começou seu trabalho atrás das câmeras. 

Além do legado na linguagem, na técnica e na teoria do cinema, Vertov fez filmes como “Cinema Olho” (1924), “A Sexta Parte do Mundo” (1926), “Entusiasmo - Sinfonia de Donbass” (1931) e “Réquiem a Lenin” (1934). 

Obra-prima de Dziga Vertov, “Um Homem com uma Câmera” oferece um retrato das inovações urbanas e cinematográficas daquele tempo. O filme terá suas exibições na Mostra, confira datas e horários aqui.