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Este é um documentário em primeira pessoa. Seis anos depois de ter deixado o Brasil, Claudia Neubern recebe, em Paris, uma velha fita K-7 com a gravação do casamento de seus pais. Ela tinha 26 anos, mas era a primeira vez que escutava a voz da mãe, que morreu quando Claudia tinha um ano. “Diante da emoção que sua voz provocou, explodi em lágrimas. A voz de minha mãe ressoou em algum lugar até então desconhecido do meu ser”, conta a jovem diretora. “Decidi ir ao Brasil em busca da sua história, em busca de minha própria história‚Ķ” Claudia entrevistou parentes, amigos e qualquer pessoa que tenha conhecido sua mãe. “De repente, a imagem da jovem ‚Äòprincesa‚Äô certinha e gentil que me haviam transmitido pareceu completamente descabida”, revela ela. Claudia voltou para a França com uma certeza: a memória é caprichosa. “Ela inventa, deforma e reescreve o passado. Em vão, tentei construir uma imagem definitiva. De tudo que me disseram, sobrou um esboço de seu sorriso, seu amor pela vida e a coragem de assumir seus desejos. Sua liberdade é a maior herança que recebi”.