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No norte da província de Khorasan, no Irã oriental, perto da fronteira com o Afeganistão, fica um vilarejo chamado Delbaran. “Não faz muito tempo, quando as pessoas ainda tinham sentimentos como ‘amor’ e ‘esperança’, quando ainda não estavam afundadas até o pescoço no medo da guerra e necessidade de pão, os amantes costumavam marcar encontros em Delbaran”, conta o diretor Abolfazl Jalili, que acompanhou de perto as transformações sofridas pelo lugar. É ali, ouvindo os tiros de canhão do outro lado das montanhas, que o personagem Khan toma conta de um antigo bar, hoje freqüentado por uma fauna de caminhoneiros, mercadores de toda espécie, soldados e, principalmente, drogados e traficantes. É também ali que trabalha o solitário Kaim, 14 anos de idade, jovem refugiado afegão, consertando caminhões dia após dia, obrigado a enfrentar a crueldade do mundo adulto. Apesar de sua vida parecer tão árida quanto o deserto que o rodeia, Kaim não derrama lágrimas. Talvez por isso seus raros sorrisos pareçam tão especiais.