Sobre o filme
Se os irmãos Lumière inventaram o realismo no cinema, Georges Méliès inventou todo o resto: a fantasia, o delírio e a abertura para as possibilidades infinitas da linguagem.
Neste ano, dentro das sessões no vão-livre do Masp, e na data que se celebra o Dia Internacional do Patrimônio Audiovisual, a 43ª Mostra exibe, dentro do Programa Méliès, uma seleção de oito curtas-metragens em cópias restauradas do essencial realizador francês.
Georges Méliès (1861-1938) foi mágico e ilusionista antes de experimentar a novidade inventada no final do século 19. Convertido a cineasta, Méliès foi pioneiro ao usar técnicas de efeitos especiais, sobreposições, truques de montagem, além de explorar as possibilidades cênicas dos estúdios de gravação, cenários e figurinos. A transposição de sua antiga profissão para o cinema, resultou, não raro em personagens que buscavam romper a lógica comum do cotidiano e do que estava diante de nossos olhos. Inventores, cientistas, exploradores e, assim como ele, mágicos protagonizam filmes muitas vezes inspirados na literatura fantástica de Júlio Verne e Jonathan Swift.
Certamente seu filme mais famoso, Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune, 1902) mostra seis cientistas que partem em expedição à Lua, aqui retratada por um rosto humano. O foguete é lançado por um enorme canhão e atinge o olho do astro, em imagem que se tornou clássica.
A Viagem Através do Impossível (Voyage a Travers L’Impossible, 1904), outro de seus filmes mais famosos, retrata uma expedição de cientistas que vão até o Sol, enquanto O Homem com a Cabeça de Borracha (L’Homme a la Tete en Caoutchouc, 1901) tem um farmacêutico que faz a própria cabeça crescer ao enchê-la de ar com um fole.
Em Eclipse do Sol na Lua Cheia (Eclipse de Soleil en Pleine Lune, 1907), um professor de astronomia mostra a seus alunos bagunceiros o fenômeno astronômico. A Lua passa na frente do Sol, em uma cena de amor cômico.
Mesmo ao mostrar fatos do cotidiano, Méliès adicionava elementos fantásticos à sua história. De 1906, Os Cartazes Animados (Les Affiches en Goguette, 1906) tem personagens de cartazes publicitários que ganham vida. Já em As Cartas Vivas (Les Cartes Vivantes, 1905), um ilusionista que se apresenta a um pequeno público e dá vida às cartas de seu baralho.
A Mostra também exibe curtas nos quais Méliès tratou de figuras que já faziam parte do imaginário do público da época. Joana d’Arc (Jeanne d’Arc, 1900) retrata a histórica personagem francesa, enquanto O Caldeirão Infernal (Le Chaudron Infernal, 1903) tem o demônio Belfegor —um dos Sete Príncipes do Inferno, que queima três vítimas em seu caldeirão.
Além disso, também integram a programação do Dia Internacional do Patrimônio Audiovisual no Masp dois curtas de animação, dos primórdios da utilização da técnica no cinema brasileiro: Macaco Feio... Macaco Bonito (1929) e Frivolitá (1930).
A exibição dos filmes terá o acompanhamento musical de Tony Berchmans, com apoio cultural da Fritz Dobbert.
Tony Berchmans
Pianista, compositor, produtor musical e especialista no estudo da música de cinema. Desde 1992, atua no mercado de produção fonográfica, coordenando, compondo e produzindo som para rádio, tv, cinema e internet, em centenas de projetos. Coordena também o CINEPIANO Tony Berchmans, tributo ao cinema e à trilha sonora, por meio da improvisação e de sincronismo, com o acompanhamento musical de clássicos ao vivo.
Título original: PROGRAMA MÉLIÈS E PRIMÓRDIOS DO CINEMA BRASILEIRO
Ano: 0
País: França
Direção: Georges Méliès, Luiz Seel
Edições: 43