ARTE DA EDIÇÃO POR: ZIRALDO
De 21 de outubro a 3 de novembro, acontece a tradicional Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Em 2021, a 45ª edição do evento volta às salas da capital paulista, mas mantém parte da programação on-line para todo Brasil. Durante duas semanas, o festival exibe 264 títulos de mais 50 países. A seleção faz um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial tem produzido, além de apresentar tendências, temáticas, narrativas e estéticas.
direção
RENATA DE ALMEIDA
produção executiva
CLAUDIA VIOLANTE
CLAUDIO A. SILVA
DIEGO CORREA
ERIKA FROMM
FABIANA AMORIM
LEANDRO DA MATA
LUKA BRANDI
PRISCILA BOTURÃO PACHECO
SOFIA DINIZ
equipe de produção
ALEXANDRE AMORIM
ALEXANDRE AMORIM JR.
ANANDA GUIMARÃES
ANTÔNIO ARBEX
BRUNO BUENO
CAMILA BRUCKMANN
CRISTINA IGNE
DANIELA WASSERSTEIN
FELIPE MOREIRA
LUCAS P. OLIVEIRA
MARCOS SANGALI
NELSON SOUZA
PAOLA PORTELLA
PATRÍCIA RABELLO
RITA PALERMI
SUSY LAGUÁRDIA
THIAGO STIVALETTI
VICENTE REIS
design gráfico
EBERT WHEELER
editoração e imagens
CRISTIANE RAMOS
IAGO SARTINI
catálogo, site e redes sociais
editores
ANA ELISA FARIA
FELIPE MENDONÇA MORAES
textos
BEATRIZ MACRUZ
BRUNO CARMELO
VITOR BÚRIGO
traduções
CATHARINA STROBEL
fórum
ANA PAULA SOUSA
ALEXANDRA RABCZUK
assessoria de imprensa
MARGÔ OLIVEIRA
CAROL MORAES
LEILA BOURDOUKAN
transporte internacional de cópias
ADRIANNE GRUSON STOLARUK
tradução e legendagem
QUATRO ESTAÇÕES
dcp e outras mídias
PANTOMIMA CINE SHOW
website
WEBCORE
mostra play
SHIFT72
aplicativo e ingressos
CONSCIÊNCIA
suporte técnico
CORPNET
contabilidade e financeiro
PLANNED
assessoria jurídica
BITELLI ADVOGADOS
fotografia
AGÊNCIA FOTO - MARIO MIRANDA FILHO
arte
ZIRALDO
vinheta
criação
AMIR ADMONI
trilha sonora
ANDRÉ ABUJAMRA, MARCIO NIGRO, MARCOS NAZA (MONDO)
colaboradores para a seleção
ANA PAULA SOUSA
CARLOS HELÍ DE ALMEIDA
DUDA LEITE
FELIPE MENDONÇA MORAES
JONAS CHADAREVIAN
LEILA BOURDOUKAN
ORLANDO MARGARIDO
THIAGO STIVALETTI
A
A VOZ DO BRASIL
ACNUR
ADHEMAR OLIVEIRA
AKZENTE FILM
ALANA WAKSMAN
ALESSANDRO GRANDE
ALEX ISKOUNEN
ALINE TORRES
ALPHA FILMES
ANA DE FÁTIMA
ANA PAULA GUIMARÃES DE SOUZA
ANDRÉ STURM
ANDREA SOUZA
ANTIPODE SALES
ARRI MEDIA
ARTE 1
ARTHOOD ENTERTAINMENT
B
BAC FILMS
BANDO À PARTE
BÁRBARA TRUJILO
BEATRIZ CYRINEO PEREIRA
BENDITA FILMS
BETA CINEMA
BFF SALES
BIA SCHMIDT
BILIMKANA FOUNDATION
BRETZ FILMES
BRUNO MACHADO
C
CALIFÓRNIA FILMES
CAMILA COELHO DOS SANTOS
CAMILA FINK
CARLOS EDUARDO HASHISH
CAROLINA HELENA RODRIGUES
CAROLINE CAMPOS PINHEIRO
CAROLINE NOBREGA
CCJ - RUTH CARDOSO
CECÍLIA FERREIRA
CECÍLIA NICHILE
CERCAMON
CHARADES
CINE MARQUISE
CINEMATECA PORTUGUESA
CINEPLEX
CLAUDINEY FERREIRA
CLOSE UP FILMS
COCCINELLE FILM SALES
CPFL
CRIS GUZZI
D
DANIELA ORTOLANI PAGOTTO
DANILO SANTOS DE MIRANDA
DÉCIO CARAMIGO NETO
DECKERT DISTRIBUTION
DENIS COTÉ
DEUTSCHE FILM- UND FERNSEHAKADEMIE BERLIN – DFFB
DIANA CHIAWEN LEE
DILSON NETO
DIOGO LEITE
DOBLE BANDA
DOGWOOF SALES
E
EDUARDO SARON
EDWIN CHARMILLOT
EL GRIFILM PRODUCTIONS
ELLE DRIVER
ELO COMPANY
EMBAIXADA DA FRANÇA
ENCRIPTA
ENEAS CARLOS PEREIRA
ERÉNDIRA NÚÑEZ LARIOS
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA
ESTÚDIOS QUANTA
F
FABÍOLA BONÍCIO BITÚ CAMPOS
FÊNIX FILMES
FESTAGENT
FILM FACTORY
FILM REPUBLIC
FILMOTOR DISTRIBUTION
FILMS BOUTIQUE
FIRST SCREEN FILM DISTRIBUTION
FLOYD RUSS
FOLHA DE SÃO PAULO
FRAKAS PRODUCTIONS
G
GALA CINE
GENOVEVA FIGUEIREDO DE MOURA
GILSON PACKER
GLOBO FILMES
GO2FILMS
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
GRAZIELA MARCHETI
GULLANE
H
H264 DISTRIBUTION
H2O FILMES
HENRIQUE BACANA
HERETIC
HERRA PRODUCTIONS
HEYMANN FILMS
HIRAM PEREIRA BAROLI
HOMEGREEN FILMS
I
ICHIBIRI PICS INC.
ID FILM PRODUCTIONS
IGOR NUNES
IMAGEM FILMES
IMOVISION
IMPACTO CINE
INDIE SALES
INTRA MOVIES
IRANIAN INDEPENDENTS
IRIMAGE CO.
ITAÚ CULTURAL
J
JAICHENG JAI DOHUTIA
JANAÍNA TADEU DE SOUZA
JEAN THAMS BERNARDINI
JO SOL
JOSÉ ALEXANDRE (DUDU)
JOSÉ MARÍA AVILÉS
JOSEPHINE BOURGOIS
JULIANA BRITO
JULIANO AMORIM
JUNTOS FILMS
K
KAREN LINHATTE PEDROSO
KARINA DEL PAPA
KAZAKHFILM STUDIOS
KEILA REGINA FERREIRA DE CARVALHO
KINOLOGY
KYOSHI SUGITA
L
LA DISTRIBUTICE DE FILMS
LARISSA DUEIRE
LATIDO FILMS
LAURA CORONADO DELGADO
LAURE BACQUÉ
LE BUREAU FILMS
LEO GARCIA
LETÍCIA RAMOS BEDIM
LEVELK FILM
LIGHTDOX
LÍGIA ROCHA
LOCO FILMS
LORENA LIMA
LUÍSA LUCCÍOLA
LUIZ FELIPE MESQUITA TEIXEIRA
LUIZ FRANCISCO VASCO DE TOLEDO
LUIZ TOLEDO
LUXBOX FILMS
LYARA OLIVEIRA
M
MANDARIN VISION
MAÍRA TARDELLI DE AZEVEDO POMPEU
MARCELO LIMA
MARCELO ROCHA DOS SANTOS
MÁRCIA SCAPATICIO
MARCOS BITELLI
MARIANA GUARNIERI
MARIANA SHIRAIWA
MÁRIO MAZZILLI
MARTA SOUSA RIBEIRO
MARTIN EDRALIN
MASP
MATTHIEU THIBAUDAULT
MEIKINCINE ENTERTAINMENT
MEMENTO FILMS
MICHEL EVERSON HUCK
MIGUEL PACHIONI
MK2 FILMS
MÔNICA PORTO
MONICA RIBEIRO
MPM PREMIUM
MUBI
MUSEU DA IMIGRAÇÃO
N
NEW EUROPE FILM SALES
O
O SOM E A FÚRIA
O2 PLAY
OLGA RABINOVICH
OPUS FILM
P
PANDORA FILMES
PARALLAX FILMS
PARIS FILMES
PATRA SPANOU
PATRÍCIA SALLES GOMES DA SILVA
PETRA BELAS ARTES
PLAYTIME GROUP
PREFEITURA DE SÃO PAULO
PROFILM EOOD
PROJETO PARADISO
Q
QUATRO CINCO UM
R
RACHEL MARTINHO DO VALLE
RAFAEL CARVALHO
RAFAEL IGNE
REAL FICÇÃO
RENATA ALBERTON
RESERVA CULTURAL
RICARDO TAYRA
ROBERTA CORVO
ROBSON SILVA
RODRIGO GERACE
RODRIGO PLÁ
ROSANA PAULO DA CUNHA
ROSANA SOUZA
RUTH ZAGURY
S
SABESP
SANDRA MOREIRA
SELVA FRIA FILMS
SÉRGIO SÁ LEITÃO
SESC
SHELLAC FILMS
SHORTSFIT
SIMONE YUNES
SLAMDANCE
SLOVENIAN FILM CENTRE
SMS - SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA
SONY PICTURES
SPCINE
SPIRA – COOPÉRATIVE VOUÉE AU CINÉMA INDÉPENDANT
SWISS FILMS
SYNDICADO FILM SALES
T
TASKOVSKI FILMS
TEOREMA
THAIS FERREIRA LIMA
THÂMARA MALFATTI
THE MATCH FACTORY
THE PARTY FILM SALES
TOEI COMPANY, LTD
TRANCE FILMS
TV CULTURA
V
VIDEOFILMES
VISION DISTRIBUTION
VISIT FILMS
VITRINE FILMES
VIVIANE DOS SANTOS FERREIRA
VOODOO FILMS
W
WARNER
WENDY GWOSDZ
WIDE MANAGEMENT
WILDSTAR SALES
Y
YU-QIANG TANG
Z
ZEBIN ZHANG
Nasceu em São Paulo e estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma, na Itália. Estreou como diretora com o curta-metragem Uma Menina como Outras Mil (2001). Também assinou a direção de mais dois curtas, Roda Real (2004) e Índias (2005). Dirigiu os longas-metragens de ficção Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano (2009, 33ª Mostra), primeira coprodução entre Brasil e Índia, e Los Silencios (2018, 42ª Mostra). É diretora, roteirista e produtora do episódio A Família de Olga, que compõe o longa Vizinhos (2019, 43ª Mostra), produzido pelo cineasta chinês Jia Zhang-ke e realizado por diretores expoentes do BRICS. Em parceria com o burquinense Toumani Kouyaté, Beatriz realizou o documentário Entre Nós, Um Segredo (2020), exibido na 44ª Mostra.
Arquiteta, diretora de arte e professora. Participou de importantes produções cinematográficas brasileiras, como Central do Brasil (1998), de Walter Salles, Narradores de Javé (2003, 27a Mostra) e Era o Hotel Cambridge (2016, 40a Mostra), ambos de Eliane Caffé. Participou das bienais internacionais de arquitetura de Veneza, em 2018, e de Chicago, em 2019. É reconhecida por seus projetos multidisciplinares entre cinema e arquitetura, ao aproximar a produção cinematográfica de um território por meio de uma arquitetura humanitária. Em seu mais recente trabalho para o cinema, Para Onde Voam as Feiticeiras (2020), assinou, além da direção de arte, a direção, ao lado da irmã, Eliane Caffé, e de Beto Amaral.
Diretor, roteirista e produtor-executivo. Fez doutorado em comunicação pela ECA-USP e pós-doutorado em rádio, TV e cinema pela Universidade do Texas, em Austin, EUA. É conhecido pelas reflexões sobre o negro na sociedade brasileira. A obra de Araújo inclui o livro e o filme documental A Negação do Brasil (2000), vencedor do festival É Tudo Verdade, o longa ficcional Filhas do Vento (2005), ganhador da Mostra de Cinema de Tiradentes e premiado no Festival de Gramado, além dos documentários Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado (2009), Raça (2013) e Meu Amigo Fela (2019), premiado e exibido em festivais ao redor do mundo. Na 45a Mostra, apresenta seu mais recente trabalho, O Pai da Rita.
Espaços físicos e imaginários
Uma possível história do cinema se desenrola em paralelo aos gêneros, formatos e aparatos técnicos que essa linguagem artística abrange. Tal crônica pode ser observada também no conjunto de ambientes em que os diversos públicos entraram em contato com as obras cinematográficas ao longo do tempo.
No final do século 19, os primeiros cinematógrafos eram dispostos em tendas improvisadas e integravam as feiras populares. Em tais contextos, que contavam com números de bonecos, malabarismos, encenações teatrais, dentre outras atrações, as primeiras imagens técnicas em movimento eram testemunhadas sob a égide da curiosidade e do maravilhamento causado pela ilusão da vida reproduzida visualmente. Após alguns anos, às imagens, somaram-se trilhas sonoras interpretadas ao vivo. Essa conjuntura demandou que fossem construídos auditórios similares às salas de concerto, para comportar tanto quem assistia aos filmes quanto as dezenas de musicistas que viabilizavam aquela experiência.
Mais adiante, com a popularização das tecnologias de reprodução sonora, os filmes falados já eram exibidos em diversas localidades do mundo e produziram aquilo que chamamos de “cinemas de rua”; mais tarde, foram articulados em complexos arquitetônicos cada vez mais arrojados, com diversas salas de exibição simultâneas, não raro inseridas em conjuntos comerciais, dotadas de tecnologias visuais e sonoras tridimensionais, dentre outros implementos técnicos.
Paralelamente às salas de cinema, os espaços domésticos também desempenham um papel fundamental na divulgação da cultura cinematográfica. A televisão e, mais tarde, o advento do VHS e das tecnologias digitais, permitiram que os públicos acessassem as produções audiovisuais em suas casas. O contexto atual, que inclui plataformas de streaming, é um desdobramento dessa experiência e tem se demonstrado de suma importância para a manutenção da cadeia produtiva do audiovisual sob as contingências da pandemia de Covid-19, que impôs limites ao acesso às salas de projeção.
Em sua 45ª edição, a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo reforça a difusão de filmografias mundiais aos públicos brasileiros no contexto de cinema expandido. Para o Sesc, parceiro da Mostra desde sua 1ª edição, a ampliação do acesso às obras audiovisuais constitui uma ação fundamental no sentido de incluir a diversidade de narrativas e pessoas —sejam elas espectadoras, cineastas e demais profissionais do setor audiovisual— no espaço discursivo das artes, contexto que, ao projetar simbolicamente a realidade, aprofunda e complexifica a experiência humana em sua pluralidade.
Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do Sesc São Paulo
Após um longo período de isolamento e distanciamento social, 2021 está sendo um ano de esperança renovada com a chegada da vacina contra a Covid-19. A capital paulista finalmente começa a vislumbrar maneiras de retomar suas atividades cotidianas —incluindo uma de suas maiores tradições culturais: a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Alimentadas por esse sentimento e conscientes da contribuição da sétima arte para o fortalecimento da saúde social e mental da população, nós, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e da Spcine, recebemos como um sopro de vida a retomada da Mostra, em formato híbrido, para sua 45ª edição. O evento, que sempre reúne uma grande variedade de olhares cinematográficos, traz neste ano uma seleção com produções de cerca de 50 países, brindando o público com filmes que circularam com destaque nos principais festivais do mundo.
Seguimos felizes por construirmos, mais uma vez, uma parceria que viabiliza a exibição dos títulos selecionados tanto nas salas comerciais de cinema, quanto nos equipamentos públicos da cidade, como o Centro Cultural da Juventude, na Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte; o Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, na Zona Leste; e o Vale do Anhangabaú, no Centro Histórico, que recebe uma apresentação a céu aberto.
Além disso, no Circuito Spcine de Cinema haverá programação nas salas do Centro Cultural São Paulo, no bairro do Paraíso, e da Biblioteca Roberto Santos, no Ipiranga. Assim, seguimos fortalecendo a compreensão de que arte e cultura devem ocupar todos os cantos da cidade.
Em tempos desafiadores como este em que estamos vivendo, ter acesso às ideias, histórias e narrativas das diversas regiões —sejam elas brasileiras ou estrangeiras— permite criar pontes e vislumbrar um futuro mais saudável e responsivo aos desafios do nosso próprio tempo. O caminho se constrói caminhando. Portanto, celebremos, brindemos e vibremos com os 45 anos de trajetória e resistência da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Em 2021, o Itaú Cultural (IC) deu um grande passo em sua relação com o cinema: com o lançamento da plataforma Itaú Cultural Play (itauculturalplay.com.br), procuramos prover um novo espaço para o audiovisual brasileiro, disponibilizando, via streaming, um catálogo plural de filmes, séries e programas de TV em curadorias especializadas. Neste fim de ano, teremos a honra de receber a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, parceira de longa data, na IC Play.
Este é o nono ano de apoio do Itaú à Mostra: ao longo de quase uma década, as salas de cinema mantidas pelo banco receberam a programação do evento, assim como o IC, que exibiu retrospectivas e formações ligadas a ele. Neste momento, no qual ainda lidamos com a Covid-19 —que, apesar do avanço da vacinação, exige de nós atenção e cuidado—, a Mostra será realizada de forma híbrida —on-line e presencial— e levaremos ao IC Play uma seleção de obras.
Acompanhe outras ações do IC no campo do audiovisual em itaucultural.org.br. Além de reportagens e artigos que discutem e aprofundam a programação da IC Play, você acessa a Grande Angular, coluna mantida pela jornalista Luísa Pécora e dedicada às mulheres no cinema, e o Versões do Tempo, podcast com debates sobre o documentário brasileiro da atualidade.
Conheça também a Escola Itaú Cultural (escola.itaucultural.org.br), que traz cursos sobre artes e políticas culturais, entre outros temas. Neste segundo semestre de 2021, a Escola IC promove o curso Crítica de Cinema, por exemplo (você pode assistir a uma aula aberta desta formação —História dos Cinemas por Meio da Crítica, com a professora Kênia Freiras, no nosso site).
Por fim, confira a Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira, que disponibiliza saberes não só sobre os cineastas que marcam a história do país, como também sobre músicos, artistas visuais e escritores. Acesse os verbetes em enciclopedia.itaucultural.org.br.
Itaú Cultural
“Glamour Girl”. Esse é o nome do concurso que, indiretamente, viabilizou o início da carreira da mulher que deu rosto e
personalidade ao cinema brasileiro moderno. Helena Ignez venceu a disputa da garota mais glamourosa da alta sociedade
baiana no final da década de 1950. O dinheiro que conseguiu, a partir dessa competição e por meio de contatos que fez
ali, possibilitou a realização do curta O Pátio, que ela protagonizou e que foi também o primeiro filme do seu então
companheiro, Glauber Rocha. O ano era 1959 e marcou o início de um dos momentos mais férteis do cinema nacional.
Helena Ignez nasceu na Bahia em 1939. Estudou direito e trabalhou como colunista social em um jornal de Salvador
durante a juventude. No entanto, abandonou um futuro como advogada para cursar artes dramáticas na UFBA
(Universidade Federal da Bahia).
Como atriz, Ignez desenvolveu um trabalho que passa ao largo do que costuma ser entendido como clássico: seu estilo
experimental fez com que ela criasse um método particular de atuação, afinado com o espírito da cultura do Brasil dos
anos 1960 e 1970. Uma atuação autoral e inovadora, que já chegou a ser classificada como escrachada, verborrágica,
debochada e sem limites.
Dessa criação saíram a pistoleira Janete Jane, de O Bandido da Luz Vermelha (1968, 42ª Mostra), e a ninfomaníaca
Ângela Carne e Osso, de A Mulher de Todos (1969), personagem marcada pela rebeldia e por declarações icônicas, que
costumavam ser proferidas enquanto fumava um charuto. Uma delas é: “Sou simplesmente uma mulher do século 21.
Eu cheguei antes, por isso sou errada assim: o demônio anti-Ocidental”. Nessas obras, ambas dirigidas por Rogério
Sganzerla, Ignez vai além da simples representação. Ela rompe com uma forma realista de atuação, como definiu o
crítico Jean Claude-Bernardet em entrevista ao Itaú Cultural, em 2012.
Na filmografia de Ignez, essas personagens foram precedidas por seu trabalho em longas-metragens que também se
tornaram clássicos brasileiros, como O Padre e a Moça (1966, 30ª Mostra), de Joaquim Pedro de Andrade, e Assalto
ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias. E foram seguidas por sua atuação em filmes de Júlio Bressane e Rogério
Sganzerla, de quem ela foi sócia na efêmera produtora Belair: Barão Olavo, o Horrível e Cuidado Madame, de Bressane,
e Copacabana Mon Amour e Sem Essa, Aranha, de Sganzerla —todos títulos de 1970.
A dissolução da Belair meses após sua criação coincide com a perseguição que o trio passou a sofrer pelos agentes
da ditadura militar. Com o recrudescimento do regime, Ignez e Sganzerla, seu marido, partiram para o exílio em 1970. O
casal retornou ao Brasil dois anos mais tarde, mas viveu discretamente: só voltaram a filmar pouco mais de uma década
depois, em meados dos anos 1980, quando a ditadura começou a abrandar.
Embora tenha sempre reivindicado espaço como cocriadora de uma obra e, muitas vezes, tenha assumido, além do ofício
de atriz, também o papel de produtora, Ignez só assinou a direção do primeiro filme, o média-metragem A Reinvenção
da Rua, em 2003. Desde então, dirigiu tantos outros trabalhos. Entre eles está a continuação do maior clássico de
Sganzerla, Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha (2010, 34ª Mostra), que tem codireção de Ícaro Martins.
Também realizou o curta A Miss e o Dinossauro (2005), o média Poder dos Afetos (2013, 37ª Mostra) e os longas Canção de Baal (2008, 32ª Mostra), Feio, Eu? (2013, 37ª Mostra), Ralé (2015, 39ª Mostra) e A Moça do Calendário (2017, 41ª Mostra).
Ignez recusa o rótulo de musa, tanto do Cinema Novo, quanto do Cinema Marginal —estereótipo esse que tantas vezes
usaram para defini-la. Em entrevistas, disse que o epíteto, dado por homens, tinha a intenção de agradar, mas que era,
na verdade, uma maneira de calar. “A visão que se tem de musas é a de que não fazem nada, que só inspiram, que são
insuportáveis”, afirmou certa vez à Trip TV.
A cineasta encontra melhor definição no título do documentário sobre a sua vida, dirigido em 2019 pela filha Sinai
Sganzerla: A Mulher da Luz Própria. E é pelo brilho, pela determinação e pela ousadia com que marcou todos os seus
trabalhos, além de exaltar a abundante e excepcional carreira de Helena Ignez, que a 45ª Mostra entrega à atriz, diretora
e produtora baiana o Prêmio Leon Cakoff.
Poucos realizadores na história do cinema português foram tão determinantes quanto Paulo Rocha. Sua trajetória e obra são marcadas por uma visão inquieta, única e em constante transformação sobre seu país e sobre o cinema.
Paulo Rocha nasceu no Porto, em 1935, após seus familiares retornarem do Brasil para Portugal. De família conservadora, estudou direito, até que se mudou para Paris, onde, em 1962, ingressou no Institut des Hautes Études Cinematographiques. Na França, aprofundou o contato com cineclubes, concluiu os estudos como realizador e trabalhou como assistente de direção de Jean Renoir em O Cabo Ardiloso (1962).
De volta a Portugal, trabalhou com Manoel de Oliveira em Acto da Primavera (1963). Logo em seguida, realizou seu primeiro longa-metragem, Os Verdes Anos (1963), considerado o filme inaugural do Novo Cinema Português, movimento que apresenta novas temáticas, novas estéticas e novas maneiras de se representar as mudanças desse momento histórico. Juntamente com nomes como António Macedo, Fernando Lopes e António da Cunha Telles, Rocha faz parte de uma geração de realizadores cinéfilos, influenciada pela Nouvelle Vague e que, em um gesto tipicamente moderno, não enxerga no cinema vigente um veículo que dê conta desse mundo em transformação.
Os Verdes Anos é um filme que, ainda que mais clássico em sua linguagem, observa de maneira totalmente nova um processo de imigração para as grandes cidades e as consequências das tensões sociais nos jovens diante de uma irrefreável urbanização. Premiado no Festival de Locarno, o primeiro longa de Paulo Rocha é um marco histórico do cinema de seu país e abriu novas possibilidades de olhar sobre Portugal.
Seu filme seguinte, Mudar de Vida (1966), altera radicalmente o cenário em relação à sua estreia na direção, retratando uma comunidade de pescadores, que serve como pano de fundo para falar e abordar de maneira realista, ainda que enviesada em razão da censura Salazarista, da Guerra Colonial portuguesa.
Posteriormente a isso, Paulo Rocha fez pequenos documentários e assumiu posições administrativas no Centro Português de Cinema, até se mudar para o Japão, onde permaneceu por 10 anos e virou adido cultural. Lá, realizou o que talvez seja seu mais ambicioso filme, A Ilha dos Amores (1982), uma espécie de cinebiografia livre, com influência do teatro e da pintura, sobre a vida do escritor Wenceslau de Moraes. Dessa vez, se o tema parece mais clássico, a forma é tão radical quanto inusitada e gera um filme único dentro da cinematografia portuguesa. Seu interesse pelo escritor ainda rendeu o documentário A Ilha de Moraes (1984).
De volta ao seu país natal, dirigiu obras como O Desejado ou As Montanhas da Lua (1986), que trata das questões políticas e sociais ao redor da Guerra dos Cravos, e a experiência televisiva Máscara de Ferro Contra Abismo Azul (1989), uma colagem sobre o modernismo português, centrado na figura do pintor Amadeo de Souza-Cardoso.
Em 1993, assumiu o cargo de Presidente da Associação Portuguesa de Realizadores de Filmes, e nas duas últimas décadas de carreira assinou títulos como O Rio do Ouro (1998), A Raiz do Coração (2000) e Vanitas (2004). Seu último longa, Se Eu Fosse Ladrão... Roubava (2012) é um filme-testamento, que parte da memória familiar e de seus filmes para revisitar as suas origens em uma construção complexa e autobiográfica.
Paulo Rocha morreu em 2012, mas seus filmes se revelam cada vez mais obras com um vigor formal crescente e com uma visão única sobre Portugal. Em parceria com a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, a 45ª Mostra traz para o Brasil sete de seus mais importantes trabalhos, traçando, assim, um panorama dessa peculiar e inquietante trajetória cinematográfica.
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